Review: Endless Ocean Luminous é uma experiência simples e relaxante
Franquia retorna de um hiato de 15 anos para mostrar uma Nintendo segura de si
Cenários subaquáticos não tem a melhor reputação no universo dos games, o que fez de Endless Ocean uma grande surpresa da Nintendo ao entregar aos donos de um Wii, no final dos anos 2000, um jogo inteiramente focado em explorar as profundezas do oceano de forma contemplativa. Curiosamente, Endless Ocean Luminous ressurge com a mesma proposta, mas sob circunstâncias totalmente diferentes.
Enquanto os dois primeiros jogos nasceram na época do Wii, marcada pela estratégia da fabricante japonesa de ir além do jogador tradicional de consoles e apostar em experiências diferentes para um público mais amplo, Endless Ocean Luminous parece se aproveitar de um momento no qual nada mais pode dar errado para o Switch. O sucesso da máquina está mais do que sacramentado, o que dá à Nintendo a segurança de lançar basicamente qualquer título e manter a expectativa de um êxito comercial mínimo.
Terceiro título da franquia, Luminous encerra um hiato de 15 anos da série desenvolvida pela Arika e publicada pela Big N misturando um pouco dos melhores elementos de seus dois antecessores: a contemplação serena e relaxante do primeiro game e o fio narrativo do segundo.
Em Luminous, você é um mergulhador novato que se junta a uma equipe expedicionária no Veiled Sea, uma região pujante e repleta de criaturas marinhas para observar e catalogar.com mais de 500 espécies, incluindo animais extintos e seres lendários.
Todo esse processo é feito com apenas um botão, que absorve uma ‘luz’ que circunda a pele dos animais. A partir daí, o jogo passa a registrar os bichos, com closes na câmera a cada nova espécie descoberta.
Aos poucos, o jogo também vai revelando especificidades do Veiled Sea e seus diferentes biomas em um modo história dividido em capítulos curtos, permeados por rápidas cutscenes e segmentos de exploração. Ainda assim, o que Endless Ocean Luminous quer mesmo é te colocar no modo de exploração aberta, já que é necessário cumprir objetivos extras, como catalogar um certo número de animais, para desbloquear capítulos novos.
Sendo assim, você deve passar a maior parte de seu tempo nos modos de mergulho livre, seja sozinho ou com outras pessoas no modo online. Aqui, Endless Ocean Luminous guarda vários segredos, mas não se preocupa muito em deixá-lo à vontade para descobri-los por conta própria.
A ideia de deixar o jogador mais solto nos modos livres e, ao mesmo tempo, impor limites em modos de jogo no qual há uma progressão mais direta, como a história, resulta em uma combinação um pouco frustrante caso você não esteja acostumado com a proposta de Endless Ocean, como aconteceu comigo.
Mas bastou algumas horas vagando sem muito objetivo pelas profundezas do Veiled Sea para entender que a proposta de Endless Ocean é exatamente essa: a de proporcionar uma experiência tranquila e, de certa forma, até mesmo terapêutica de interação com um jogo.
(Ou, para quem gosta de fazer duas coisas ao mesmo tempo, este é um ótimo ‘jogo de podcast’, no qual você pode executar as tarefas sem muita preocupação enquanto escuta um programa ou uma live).
O mar fica um pouco mais agitado nos modos de mergulho online, no qual até 30 pessoas podem compartilhar um mesmo mapa e interagir juntas. No entanto, é necessário ter uma assinatura do Nintendo Switch Online para poder jogar.
Ao mesmo tempo em que Endless Ocean Luminous quer que você relaxe, o próprio jogo é um símbolo de uma Nintendo à vontade com o enorme sucesso do Switch, que permitiu à fabricante resgatar até mesmo uma de suas franquias mais excêntricas da geladeira.