A história de amor e ódio entre Need For Speed e Velozes e Furiosos
A trajetória do jogo de corrida da EA amou e rejeitou a saga de Vin Diesel em diversos momentos. Relembre
O trailer de anúncio de Need For Speed: Payback não deixou dúvidas: a inspiração em Velozes e Furiosos é mais do que evidente. Com sua equipe em busca de vingança contra um cartel criminoso e as corridas repletas de explosões, batidas e ação, o novo jogo da longeva série de jogos de corrida da Electronic Arts tenta, mais uma vez, pegar carona no avassalador sucesso dos filmes da Universal.
As duas franquias nunca se interligaram, mas é inegável que, indiretamente, Need For Speed se aproximou e se afastou de Velozes e Furiosos enquanto a própria saga de The Rock, Vin Diesel e cia. se reinventava. Essa história de “amor e ódio” é fundamental para entender o sucesso dos jogos de corrida da EA - e também ajuda a entender por que eles estão buscando novamente essa fonte em Payback.
O primeiro Need For Speed
Need For Speed começou em 1994, sete anos anos da estreia do primeiro filme de Velozes, com uma pegada bem diferente do que estamos acostumados atualmente. Mais voltado à simulação, algo raro em jogos de corrida para console na época, o título da 3DO, PlayStation, Saturn e PC trazia corridas em estradas sem muita firula, com uma ênfase muito maior em especificações técnicas dos carros, com direito a história sobre o que mudou na mecânica de cada veículo.
Need For Speed: Underground 2
Os jogos começariam a tomar uma forma mais próxima da que conhecemos atualmente quatro anos depois, em Need For Speed III: Hot Pursuit, que dava ao jogador a oportunidade de fugir da polícia ou ser um agente da lei, prendendo infratores. Esse estilo de jogo apareceria, de uma forma ou de outra, em Need For Speed: High Stakes e Need For Speed: Hot Pursuit 2, primeira entrada da franquia na geração do PlayStation 2 e do Xbox.
Need For Speed: ProStreet
Need For Speed: Most Wanted (2012)
Tudo mudou, entretanto, em 2003. No mesmo ano em que chegou aos cinemas Velozes e Furiosos 2, Need For Speed Underground pegou emprestado praticamente tudo o que se via nas corridas de Brian O’Connor e Dominic Toretto. O rock e a música eletrônica abriram espaço para “Get Low”, de Lil Jon & The Eastside Boyz, os cenários passaram a ser noturnos, garotas passaram a dar o sinal verde para as corridas e os kits de nitrogênio que dão gás ao motor tornaram-se mecânica de gameplay.
A assimilação da cultura de corridas de rua e a estética gangsta deram a Need For Speed a sua época de maior êxito de público e crítica. Essa fase, que engloba também a continuação Need For Speed Underground 2 (2004), Need For Speed: Most Wanted (2005) e Need For Speed: Carbon (2006), é a mais bem avaliada no Metacritic, com médias acima de 75 em quase todas as plataformas.
Entretanto, isso não duraria para sempre. Enquanto Velozes e Furiosos teve um declínio após o terceiro filme, Desafio em Tóquio (2006), Need For Speed passou a se afastar da cultura das corridas de rua. Em 2007, Need For Speed: ProStreet foi um dos primeiros a não se basear em corridas ilegais, trazendo disputas em circuitos fechados entre organizações. A manobra não foi bem recebida e, um ano depois, a franquia voltaria às corridas de rua em Need For Speed: Undercover.
Dois anos depois, sob o comando da Slightly Mad Studios (hoje conhecida por Project CARS), o derivado Need For Speed: Shift tentou aproximar a franquia ainda mais do duo Gran Turismo/Forza Motorsport, totalmente voltado à simulação.
No fim dos anos 2000, a franquia Velozes e Furiosos começava a se reinventar, deixando as corridas de lado para se transformar em uma saga de filmes de ação grandiloquentes e cada vez mais voltados à “família” de Dom e Brian, Need For Speed voltou ao período pré-Velozes, resgatando as perseguições policiais em um novo Hot Pursuit (2010), o primeiro título sob a batuta da Criterion Games (Burnout).
Need For Speed: The Run, de 2011, tentou rodear o aspecto de corridas de rua com um modo história, que girava em torno de dívidas com a máfia e uma competição na qual era preciso cruzar os Estados Unidos de costa a costa. Os dois títulos subsequentes, Most Wanted (2012) e Rivals (2013), voltaram a trabalhar com o tema de perseguições policiais.
Apesar de nenhum dos jogos ter sido um fiasco de crítica (os títulos produzidos pela Criterion foram bem recebidos), Need For Speed certamente não tinha mais o impacto da era de Underground, e isso se traduziu nas vendas. Embora a EA não tenha divulgado números específicos, Marcus Nilsson, gerente do estúdio que produz NFS: Payback, a Ghost Games, afirmou ao GameSpot em 2015 que “a franquia não vende tão bem quanto há dez anos”.
"A franquia NFS não vende tão bem quanto há dez anos"
- Marcus Nilsson, gerente da Ghost Games
Enquanto isso, Velozes e Furiosos conseguiu bons resultados em sua reinvenção, batendo sucessivamente seus recordes de bilheteria. Segundo o Box Office Mojo, a bilheteria global dos longas explodiu após o quarto filme. Velozes 5 faturou US$ 626 milhões, Velozes 6 arrecadou US$ 788 milhões, Velozes 7 garantiu impressionantes US$ 1,5 bilhão, e Velozes 8 tem US$ 1,2 bilhão desde sua estreia em abril.
Em busca do que deu certo nos filmes, não é de se estranhar que a EA e o estúdio Ghost Games tentem, novamente, pegar emprestado um pouco dessa nova essência em Need For Speed: Payback. Saberemos o resultado em 10 de novembro, quando o jogo chegar ao PlayStation 4, ao Xbox One e ao PC.