Pentiment é um jogo de aventura narrativa diferente do que costumamos ver no mercado. Com estilo de arte inspirado nas iluminuras medievais e ambientação fiel às condições sociais da Baviera do século XVI, o jogo espera atiçar o interesse dos jogadores em História. 

Durante a Gamescom 2022, que acontece em Cologne, na Alemanha, o The Enemy conversou com o diretor Josh Sawyer e a diretora de arte Hannah Kennedy, que comentaram sobre o desenvolvimento do jogo e como ele pretende capturar a atenção dos jogadores. 

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Tendo a narrativa como elemento motor do gameplay, Pentiment tem a grande preocupação de ser legítimo em relação ao período histórico retratado – para recriar a Baviera do século XIV com fidelidade, três especialistas PHD foram consultados durante o desenvolvimento. 

Quando perguntada se o jogo tem a intenção de ser educacional, Kennedy revela que gostaria de ver mais games no mercado que chamem a atenção dos jogadores para a História.    

“Acho que há a oportunidade perdida de termos mais jogos com viés histórico. (...) Pessoalmente, não tenho visto muitos jogos que tenham uma ambientação histórica ou que tentem ser mais representativos na narrativa que contam – em termos de delimitação do que é fidedignos e o que está em um espaço completamente fictício. É animador ter a oportunidade de fazer isso e, pessoalmente, gostaria de ver mais jogos usando esse tipo de narrativa. Não acho que temos a intenção de necessariamente sermos educativos [com o jogo], mas espero que a gente possa expandir o interesse de algumas pessoas e surpreendê-los.”

“Quero ao menos expandir os horizontes das pessoas”, complementa Sawyer. “Se alguém me perguntar: ‘Ei, não sei nada sobre a Reforma Protestante, vou conseguir acompanhar o jogo?’. Mesmo que o jogo se passe no período da Reforma, só a abordamos em um contexto amplo. Dessa forma, você aprenderá sobre ela enquanto joga, mas o game é mais sobre mantê-lo engajado com a realidade social do período. 

“Ao menos para mim, quando joguei jogos históricos enquanto era pequeno, eles plantaram uma semente em mim que me deixou interessado neste assunto”, continua o diretor. “O que espero é que as pessoas, antes de tudo, curtam a história do jogo e se interessem nela, mas também que ela plante essas sementes de interesse em aprender mais sobre outras coisas. Acho que seria fantástico.”

Para tornar a experiência tranquila e informativa, os desenvolvedores adicionaram um glossário que poderá ser consultado pelo jogador a qualquer momento. Sobre a função, Sawyer explica que o time “não colocou artigos inteiros do Wikipedia no game”, mas forneceu o suficiente para “que os jogadores entendam o contexto”. 

Pentiment é, de muitas formas, diferente de tudo o que vimos da Obsidian até hoje. Quando questionados sobre de que forma o jogo pretende atrair a atenção dos fãs do estúdio, o diretor respondeu detalhando os elementos de RPG que o título oferece. 

“Se as pessoas tiverem interesse na forma que a Obsidian conta histórias e a forma como permitimos que você construa e defina seu personagem, acho que elas vão gostar do jogo. (...) Acho que o jeito que permitimos que você desvende o passado de Andreas, o protagonista, e a forma como permitimos que o jogador defina seu caminho pela história devem ser atrativos para as pessoas que gostam de jogar RPGs. Obviamente, não é um jogo focado em combate – não há sistema de combate ou sistema de progressão. É por isso que não chamamos Pentiment de RPG. Mas, se você gosta de histórias que reagem às suas escolhas e se gosta de definir seu personagem… Se você é um desses fãs da Obsidian, acho que há algo aqui para você.”

Josh também explicou como o time de desenvolvimento abordou os temas sensíveis do período, como perseguições religiosas, conflitos e doenças.

“Como minha formação é História, nossa abordagem teve como foco o materialismo histórico. Coisas como as Revoltas Plebeias alemãs foram muito importantes porque foram a forma do povo dizer: ‘Não podemos mais viver assim’. Acho que coisas desse tipo são muito interessantes porque tornam as dificuldades dos plebeus reais. Espero que as pessoas ressoem e se simpatizem com isso. Também há coisas como o estado da medicina daquela época. (...) Coisas como mortalidade infantil eram muito altas – isso é trágico, e faz parte da história [do jogo]. Por isso, tentamos representar a sociedade a partir de uma perspectiva social, religiosa e também mostrar as realidades físicas desse período, em que as pessoas lidavam com realidades difíceis.”

Pentiment está sendo desenvolvido por um pequeno time da Obsidian, formado por 13 pessoas. O jogo é um “projeto de paixão” de Sawyer, que conta que a maior dificuldade do desenvolvimento foi lidar com o escopo do projeto. 

“Temos um time muito pequeno e uma história muito grande para contar. Por isso, tivemos que ser muito criativos com a forma como abordamos a construção desse vasto elenco de personagens. O enredo acompanha uma comunidade ao longo de muitos anos, então tivemos que ser inteligentes em relação não apenas a como, por exemplo, utilizamos os rigs de animação de um personagem. Como mostrar que ele envelheceu com o passar do tempo, fazer com que os jogadores saibam imediatamente que ele era aquele bebê que agora está adulto. Além disso, nosso planejamento abordou a forma como criamos as cenas de forma que parecessem mais velhas em relação ao tempo abordado, demonstrando a passagem dos anos.”

Pentiment será lançado em 15 de novembro para PC e consoles Xbox. O jogo estará disponível no lançamento via Xbox Game Pass e PC Game Pass.