The Walking Dead: A New Frontier - "Laços que Unem" | Crítica
Telltale Games traz violência e decisões ousadas na estreia da terceira temporada
Pouco após ter concluído seu excelente trabalho com Batman, a Telltale Games se recusa a dar adeus para 2016 e dá início à The Walking Dead: A New Frontier, uma nova temporada da série que consagrou o estúdio. Será que a nova aventura consegue empolgar após um segundo ano morno e um tedioso derivado estrelado por Michonne?
Tentando responder a esta pergunta, o episódio duplo “Laços que Unem” começa em nota alta ao voltar para os momentos iniciais do apocalipse zumbi para apresentar Javier Garcia, um desleixado jovem e ovelha negra da família que mal consegue visitar seu próprio pai antes da morte do mesmo, o que lhe coloca em conflito com o irmão. O drama familiar não dura muito com o “retorno” do defunto, dando lugar à uma das mais intensas e cinemáticas aberturas que a Telltale já fez, exaltando como o caos os dividiu em dois grupos de sobreviventes.
A introdução define o tom violento da aventura que segue, e isso é algo que o estúdio não está tentando evitar. Normalmente os episódios iniciais servem apenas para estabelecer o universo do jogo, mas aqui você é logo confrontado com mortes de personagens importantes, mentiras e até mesmo confronto entre facções.
Javier frequentemente se vê forçado a fazer escolhas ousadas que não agradarão algum de seus aliados, e isso não é jogado como possível consequência, mas sim se desenvolve no momento de tomada de decisão, ao colocar os personagens para brigar e discutir. O constante conflito com os demais sobreviventes pode ser muito bem observado em um dos pontos mais importantes de A New Frontier: a relação com Clementine.
Seja lá como tenha sido sua experiência nas temporadas anteriores, aqui é possível ver a personagem se colocando em primeiro plano, certamente com medo de se abrir para novas pessoas em razão de tudo que sofreu no passado, seja por perder Lee, confrontar Kenny ou por ter se aventurado sozinha por tanto tempo.
Dessa forma, Clem se torna ainda mais viva e imprevisível ao jogador, fazendo cada escolha pesar ainda mais considerando que você não consegue advinhar como a menina irá reagir. Salvo por pequenas seções de flashback, tirar o controle da personagem também se provou altamente benéfico: o grande erro da segunda temporada foi não saber conciliar o desenvolvimento da garota com as vontades de que a controla, o que se tornava notável na forma inconsistente que os NPCs lhe tratavam. Agora, Clementine tem todo o espaço necessário para crescer e carregar a série nas costas, como fez no primeiro ano.
O único defeito notável fica na parte da ação, que aqui é deixada de lado e, quando entra em cena, mal empolga ao trazer sequências simples e tediosas. Jogabilidade nunca foi o foco do estúdio, mas retomar a morosidade das cenas do passado é um passo para trás, ainda mais após as melhorias de Tales from the Borderlands, aplicadas em Batman e até no fiasco de The Walking Dead: Michonne.
Mesmo tendo errado a mão em alguns aspectos, a tensa narrativa e as ousadas decisões voltam para nos lembrar o motivo de The Walking Dead ser o carro-chefe da Telltale Games. Em apenas dois episódios, a história de Javier, Clementine e os demais sobreviventes já mostrou progresso e consequências sangrentas, demonstrando não ter medo de colocar o jogador numa fria e cortar a enrolação para dar andamento na história.
The Walking Dead: A New Frontier está disponível para PlayStation 4, PC e Xbox One. O jogo foi testado em um PC. Clique no nome das plataformas para conferir seu preço nas versões digitais.