A SNK e a Sony estão num caso amoroso que poderia durar para sempre. Sério, não bastasse The King of Fighters XIV chegando exclusivamente ao PlayStation 4, a empresa sob nova direção foi além e disponibilizou também The King of Fighters 2000 (em sua versão PS2 com trofeus) e o que realmente importa, um port para The Last Blade 2, clássico do final dos anos 90 das lutas com espadas.
Lançado originalmente nos arcades em 1998, a continuação do embate refinado entre samurais e descendentes de criaturas mitológicas do Japão chegou a ser apelidado de "The King of Fighters com espadas", dada a complexidade e profundidade dos seus confrontos.
O jogo ia além do seu concorrente natural (mas de épocas distintas em termos de "lore"), Samurai Spirits. Dois sistemas de combate (mais um secreto) davam um dinamismo que poucos jogos alcançaram na vida, mudando por completo o sistema de combate, mesmo com personagens idênticos.
O "Power", concentrava a força do lutador em ataques certeiros, além de conceder especial ilimitado quando a vida do personagem estivesse piscando. Ainda com pouca energia, utilizando a barra de mesmo nome, um especial secreto podia ser acionado. Já a barra "Speed" acionava chain combos específicos, que causavam menos dano que os ataques do outro modo, mas geravam mais pressão e exigiam uma melhor destreza do oponente em se defender de investidas mais longas.
A barra secreta, intitulada "EX", concedia os poderes especiais de ambas as barras (os golpes secretos), com a jogabilidade da Speed, mas ao custo de uma vida menor ao jogador. Um grande risco a ser considerado num jogo como esse.
A nova versão trouxe tudo isso de volta, da mesma forma como foi apresentado aos jogadores na época. Um filtro gráfico pode ser ligado para aumentar ou diminuir as scanlines, e só. Tudo envelopado com uma arte inédita da desenhista Senno Aki, mais conhecida através do seu pseudônimo, Tonko. Ela foi a responsável pela belíssima arte original do jogo, além de ter trabalhado em outros títulos da empresa, como é o caso de Garou: Mark of the Wolves.
O elenco de personagens manteve-se inalterado. Na versão de PS4 o game ainda fornece as sequências de botões para a liberação de lutadores secretos, como o Kaede em sua versão normal. A Code Mystics fez um belíssimo trabalho de inserção do game nos consoles modernos, incitando a compra de originais ao invés da permanência nos emuladores e piratarias.
A responsável do port também conseguiu manter o nível dos seus combates online vistos em KoF2k2 UM e 98 UMES, ambos no Steam. Online funcionando bem, sem engasgos com brasileiros até contra países próximos (backbones ainda são um problema). No entanto, a falta de um lobby para mais jogadores impossibilita aquela diversão marota simulada das casas de fliperamas do passado, popularizada mais uma vez com Street Fighter IV.
O game continua atual e vale a pena uma revisitada. A título de curiosidade, no Japão foi realizado um campeonato intitulado "Keep on Shining", com The Last Blade 2 e Garou: Mark of the Wolves como focos principais. O nível de jogo dos participantes estava em patamares que só o Japão conseguiu alcançar. Incrível!
The Last Blade 2 não pode ser esquecido. Se gosta de jogos de luta e não viveu a tal da era de ouro dos fliperamas, ele merece a sua atenção, caso já não a tenha de outras versões menos legais. Recomendado pela nostalgia, pela preferência por clássicos, ou curiosidade de aprender com o passado, pois os conceitos daquela época estão mais vivos do que nunca hoje em dia.
O game foi testado no PlayStation 4. Ele também possui uma versão (cross-buy, cross-play) para o PS Vita.