Star Trek: The Game | Crítica

Mais uma franquia incrível desperdiçada

Por Flávia Gasi 01.05.2013 11H56

Com a promessa de entregar uma experiência similar a Mass Effect, o game de Star Trek na realidade apresenta uma variedade de inspirações, retiradas também de outras franquias, como Gears of War, Halo e Uncharted.

O grande problema é que nenhuma delas é necessariamente aplicada em todo o seu potencial ao jogo da Digital Extreme. Isto é, as possibilidades estão lá, mas parece que não foram utilizadas ou refinadas.

Desta maneira, Star Trek: The Game se assemelha a um produto não finalizado, especialmente nas áreas de física e programação, que são, de longe, a pior coisa do título. Há incontáveis problemas de bugs – alguns chegam a ser hilários, mas outros travam o jogador que precisa resolver um quebra-cabeça para avançar.

Ou seja, esses erros na construção podem fazer com que você simplesmente desista de jogá-lo, já que navegar pelo game é frustrante.

Ficção científica com dificuldades em física


Enquanto deveria ser possível realizar movimentos acrobáticos, como pular ou escalar, não é sempre que a movimentação funciona. Às vezes é impossível subir em um objeto que tem exatamente o mesmo tamanho da última plataforma a qual você conseguiu se elevar. Pular é uma loteria. Os personagens também se deslocam de forma nada graciosa, o que não combina com o treinamento nem de Kirk, nem de Spock.

O jogo permite que a história seja experimentada com o capitão da Enterprise ou com o meio Vulcano, porém a melhor opção é tentar o modo cooperativo. Na campanha, a Inteligência Artificial do seu parceiro é tão tacanha que os fãs de Star Trek podem se sentir insultados. Por outro lado, os oponentes principais, a raça reptiliana Gorn, também é extremamente burra, o que balanceia o quesito de inteligência básica, mas acaba por oferecer um combate sem inspiração e tedioso.

Vale notar que as pelejas sempre funcionam da mesma maneira – você entra de um lado da sala, os adversários entram do outro. Isso sem contar que a mecânica de muro não funciona em sua totalidade: o protagonista é retirado muito facilmente de sua cobertura. Este fato também atrapalha as mecânicas de furtividade, que deveria fazer parte integrante da jogabilidade do Spock. Contudo, não é impossível ver o personagem segurando uma escopeta, o que parece um pouco inconsistente com a trajetória do herói.

De qualquer forma, as armas que usam elementos da série, como a pistola phaser e o rifle de teletransporte, são bem divertidas de usar, e trazem familiaridade para os fãs. Há uma tentativa de variedade de mecânicas amalgamadas, mas como elas são porcamente realizadas, o game fica bem distante do que seria a visão inicial dos desenvolvedores. Entre as possibilidades, o uso do tricorder para manipular ambientes e ganhar pontos é interessante. Por último, existe apenas um combate entre naves especiais, e ele não entretém. Pelo contrário, com uma câmera limitada e problemas de mira, a experiência é bem chata. O melhor é optar pelo modo tático, assim que aparecer na tela, pois ele resolve a questão da pontaria.

Pine e Quinto roubam a cena

Em termos gráficos, Star Trek: The Game é mediano, mas conta com uma iluminação dinâmica competente que ajuda a criar cenários mais atmosféricos – mesmo que não sejam realmente belos como em outros títulos lançados neste final de geração, ainda são interessantes. Kirk e Spock também são medíocres, e apresentam pouca animação facial. Já os oponentes não ganham o mesmo esmero que suas contrapartes humanas. De qualquer maneira, os fãs da saga de ficção têm dois bons atributos para testar o game: a parte sonora e a história. A narrativa é decente. Começa um tanto lenta, mas depois da metade do jogo começa a realmente fazer sentido e tornar-se bem agradável.

O roteiro foi criado por Marianne Krawczyk, mesma escritora de God of War, e mais um time de autores, com toques dos atores Chris Pine (Kirk) e Zachary Quinto (Spock). Assim, especialmente para os apreciadores de Star Trek, o enredo deve ajudar a transformar o game em uma prática mais grata. Ademais, o jogo conta com uma bela composição musical, poderosa o suficiente para lembrar os filmes, e o título tem outro belo trunfo: a dublagem de Pine e Quinto.

Portanto, Star Trek: The Game vale a pena apenas para aqueles que mal podem esperar por Além da Escuridão, já que jogadores mais versados e que procuram somente por um game, podem achar que este é menos decente do que o que foi anunciado. Com uma franquia tão incrível na mão, só resta uma pergunta à Digital Extreme: por que não aproveitá-la com calma, ao invés de nos apresentar um jogo apressado?

Publicado pela Namco Bandai, Star Trek: The Game foi lançado para Xbox 360, PlayStation 3 e PCs.

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Nota do crítico