Luigi's Mansion: Dark Moon | Crítica

O esmero da Nintendo munido ao carisma do Luigi traz um game sensacional ao Nintendo 3DS

Por Paula Romano 02.04.2013 20H09

Há quem prefira o “lado verde da força” dos irmãos Bros. Com carisma de sobra para protagonizar seus próprios games, Luigi está de volta, doze anos depois de comandar um dos primeiros jogos de GameCube, em Luigi’s Mansion: Dark Moon. Desenvolvido exclusivamente para o Nintendo 3DS pelo estúdio canadense Next Level Games, responsável por jogos como Mario Strikers Charged e Captain America: Super Soldier, o título mantém a jogabilidade conhecida do primeiro Luigi's Mansion, mas aprimora os quebra-cabeças, a dificuldade, o visual e amplia o universo criado em 2001.

Luigi's Mansion: Dark Moon

Luigi's Mansion: Dark Moon

Luigi's Mansion: Dark Moon

Luigi's Mansion: Dark Moon

Luigi's Mansion: Dark Moon

Luigi's Mansion: Dark Moon

Ao ser escolhido pelo Professor E. Gadd, o medroso Luigi precisa reunir os fragmentos de um artefato chamado "Dark Moon", que ao ser despedaçado libertou todos fantasmas de um lugar chamado Evershade Valley. Para capturar os pedaços e acabar com a graça dos fantasmas que assolam o lugar, Luigi empunha um... aspirador de pó! Chamado de Poltergust-5000, o poderoso aspirador suga os fantasmas depois de serem atordoados por meio de uma lanterna especial. Essas ferramentas são usadas do início ao fim do jogo sendo aprimoradas no meio do caminho.

Usando as ferramentas para uma progressão linear

A progressão das fases e dos equipamentos de Luigi acontecem de maneira linear, com inteligentes (e inúmeros) quebra-cabeças a serem resolvidos durante o percurso. Ao todo são seis fases para cada um dos mundos compostos por letras que vão de A a F - esse último com um desafio apenas. É possível terminar a campanha principal com cinco a seis horas de jogo abdicando da exploração ou ir mais a fundo e resgatar os extras que somam uma aventura de 10 a 12 horas.

Todas as fases começam com as explicações do Professor E. Gadd em seu laboratório que teleporta Luigi para a mansão em questão. Diferente do jogo original, em que havia apenas uma mansão, temos agora cinco delas - cada uma com suas particularidades visuais e os seus próprios desafios.

Outra ferramenta de apoio de Luigi é um celular em formato de Nintendo DS, o modelo mais antigo, que é chamado pelo professor de "Dual Scream" ("grito duplo", trocadilho com o original em inglês de "tela dupla", o "dual screen"). Quando o DS com um estridente toque toca, o Professor aparece amigavelmente para parabenizar o bigodudo e oferecer mais dicas do que vem a seguir. Os quebra-cabeças são bastante distintos e focados em pequenos detalhes. Nada no jogo é mostrado de maneira óbvia. O jogador precisa captar a dica do professor e entender que aquela porta entreaberta pode ser a resposta que se estava procurando.

Caçadores de Fantasmas

Existe um grande número de tipos de fantasmas e o trunfo para capturá-los é disparar a luz da lanterna no momento certo. Seu efeito é atordoante e eles ficam vulneráveis para serem capturados. No começo, obviamente, os espectros são mais simples e fáceis, mas ao decorrer do jogo eles ganham óculos de sol, escudos e até tampas de panela que os protege. A partir daí é preciso usar outras habilidades para desnorteá-los e não ser atingido. Do contrário, eles darão risada da sua cara, pois são totalmente infames.

Vale destacar também as aparições do Boo, o famoso fantasma da franquia Mario Bros., que deve ser sugado pela língua. Nessas pequenas sutilezas é possível perceber que o desenvolvimento do jogo foi tratado com o esmero típico da Nintendo e que tudo foi devidamente pensado para surpreender o jogador. Cada um dos personagens, do mais simples ao mais complexo, oferece detalhes únicos e apresenta ações que colocam um sorriso no rosto do jogador.

Agradável bom humor, cor e música

O jogo é recheado de divertidas cutscenes que apresentam a hilária relação entre os fantasmas e os moradores das mansões. A Nintendo também acerta quando apresenta um Luigi nervoso com as situações; ficando meio tonto e boquiaberto ao deparar-se com os fantasmas; conversando (e dizendo 'ciao' em italiano) com o Professor; e até cantarolando a sua própria trilha sonora. A música, porém, poderia ter sido melhor elaborada: o suposto clima fantasmagórico oferecido pelas canções soa enjoativo e repetitivo depois da primeira meia-hora. Com tantas trilhas de sucesso emplacadas pela Nintendo, pecar nesse sentido é uma bola fora.

Praticamente todos os cenários, ricos em cores e iluminação, são interativos e é necessário desbravá-los para se ter sucesso nas missões. Nenhum elemento - cortina, corda ou carpete - está ali por acaso; fato que instiga a exploração do ambiente e o resgate dos coletáveis que podem ser encontrados nos lugares mais improváveis possíveis. Vale notar que juntar moedinhas, dinheiro e até barras de ouro renderá upgrades futuros aos equipamentos de Luigi. Como as fases se desenvolvem linearmente, suas ações são somadas, pontuadas e classificadas em um ranking final. Se o jogador não ficar satisfeito com o seu desempenho é possível refazer a fase, coletar mais itens, encontrar mais lugares secretos e tomar menos dano para aumentar a sua pontuação.

A parte atrapalhada da programação é a mira das ferramentas do personagem. Para apontar o aspirador é preciso movimentar o 3DS espacialmente, diante do rosto. Isso pode tornar-se algo um tanto confuso no calor da batalha e você pode perder "coraçõezinhos" de vida à toa se bobear ou sacudir a mão de maneira errada. Mas nada que prejudique a experiência geral, porém. O problema nesse sentido é da estrutura do 3DS que infelizmente não oferece um segundo analógico ao aparelho.

Multiplayer assombrado

Dark Moon traz ainda um modo multiplayer que suporta até quatro jogadores em ação frenética contra os fantasmas. Conectados, os jogadores são enviados para um mansão de mais de 20 andares e lá precisam capturar todos os fantasmas, andar por andar, para subir de nível. A cada andar um ranking final mostra quem foi o melhor da partida e a cada cinco níveis os jogadores precisam matar um chefe que dificulta o progresso até a missão final. O modo é bastante simples, mas cativa por dar mais tempo de jogo ao título (e porque sugar fantasmas é realmente empolgante).

O que aparentemente seria um jogo para crianças, Luigi’s Mansion: Dark Moon é ótima opção para qualquer marmanjo largar seus tanques de guerra para relembrar, no comando do cativante Luigi, clássicos inesgotáveis como Caça-Fantasmas e Poltergeist. A temática também não retira em nada a dificuldade do título: para matar os chefes é preciso analisar com atenção os ambientes e resolver o enorme quebra-cabeça do cenário para só então conhecer um novo mundo. Luigi's Mansion: Dark Moon é ótimo para rir, se distrair, pensar e nem sentir o tempo passar.

Nota do crítico