Halo 5: Guardians | Crítica
Multiplayer vasto dá o tom do novo título, que economiza em Master Chief
Halo 5: Guardians é o teste de fogo da 343 Industries com a apreciada franquia da Microsoft. Depois do episódio seguro entregue em Halo 4, a desenvolvedora precisava arriscar. E o resultado agrada em todos os quesitos envolvendo a jogabilidade.
Na narrativa, o novo Halo simplifica conceitos, deixando de lado power ups e atribuindo habilidades às armaduras dos Spartans, com jatos agindo como amplificadores de melee. A solução agrada por não tirar foco da história e preparar jogadores para a real intenção do título, que é mantê-los completamente fissurados no multiplayer.
Jogar a campanha, afinal, especialmente em sua versão cooperativa, é um excelente treino para os furiosos embates online. A comunicação e coordenação nunca pareceram tão importantes no multiplayer de Halo como aqui, especialmente no modo Zona de Guerra (Warzone).
Nesse modo, 12 jogadores enfrentam outros 12 e também o ambiente. As duas equipes encaram-se em um mapa hostil, em que todos os cinco pontos edificados da área - dois de cada lado e um central - são controlados por aliens, guiados por inteligência artificial, com direito a chefes de fase. Derrubá-los aumenta sensivelmente a pontuação de sua equipe, que precisa então eliminar o time adversário e dominar estruturas.
O combate é frenético e empolgante. O acesso às bases desequilibra a balança. O design preciso do mapa, uma das marcas da série, encoraja os embates, garantindo a diversão e a necessidade de atenção contra ameaças de todos os lados.
O modo Arena, por sua vez, passeia por estilos mais clássicos, oferecendo fases distintas a cada rodada. Estão ali mecânicas como a do capture a bandeira e assassino, além de suas variações, em mapas menores, criados para duas esquadras de 4 jogadores. Nesse modo não há tempo para respirar. Especialmente no divertidissimo SWAT, que requer tiros na cabeça e tem respawns instantâneos. Você morre e volta na hora, em um movimento constante. Ganha a equipe com 100 mortes primeiro.
Tanto Zona de Guerra como Arena contam com o inventivo sistema REQ, em que a cada feito, vitória ou simples participação você acumula pontos para trocar por cards que vão destravando melhorias e personalizações. Esses cards - organizados em álbuns extensos - podem ser empregados para armas, visual, veículos e poderes (nestes modos há mais recursos que na narrativa, o que torna as partidas ainda mais imprevisíveis.
Um sistema de matchmaking, que colocará jogadores do mesmo nível nas salas, é prometido para o lançamento. Eu, porém, tive que tentar manter a cabeça erguida em servidores repletos de ninjas já que para as análises tinham algumas poucas partidas acontecendo.
Multiplayer competitivo à parte, o esforço da Microsoft na mitologia de Halo merece ser elogiado, já que vai na contra-mão dos games de tiro. Enquanto outras produtoras fazem campanhas cada vez mais rasas e breves, Halo ganhou websérie e aprofundamento da trama através de redes sociais e podcast. A história em si, porém, parecia mais impressionante na expectativa pelo jogo. Sem entrar em detalhes, a estrutura é bastante simples, ainda que busque uma amarração mais complexa ao alternar o protagonista frequentemente entre o Blue Team, comandado por Master Chief, e o Fireteam Osiris, capitaneado por Locke. Toda a história pode ser jogada cooperativamente por até quatro pessoas (sem tela dividida).
Na trama, ainda sofrendo as perdas ocorridas nos eventos de Halo 4, Master Chief começa a questionar suas crenças e deveres, partindo em uma missão não-autorizada. Entra em ação o espartano Locke, encarregado pelo exército de caçar o Master Chief. Enquanto isso, construídas pelos ancestrais Forerunners, colossais estruturas chamadas Guardians ressurgem e ameaçam a paz na galáxia.
O vai e vem entre as equipes pende para o lado de Locke, que tem mais missões. O problema é que não há qualquer esforço em contextualizar novos jogadores desse universo. Ou você já conhece o mundo e termos de Halo e a história até aqui (incluindo os derivados em outras mídias) ou ficará bastante perdido na trama de Halo 5: Guardians. A economia na participação de Master Chief dá a impressão de que a 343 Industries pretende expandir seu universo apostando em outros personagens - especialmente por conta do quão limitador é ter um herói que nunca apareceu adulto sem capacete, algo bastante difícil de adaptar em outras mídias.
Não que isso importe tanto, afinal, já que o game continua preciso e divertido, com algumas das inteligências artificiais mais desafiadoras do mercado. Além de cenários e visual que elevam as fluorescentes e luminosas marcas da série a um novo patamar, apoiado pela qualidade do Xbox One. É um "jogo de tiro" que entrega o que seu gênero promete.