F1 2015 | Crítica

Apesar dos bugs, novo game da Codemasters sai com um saldo positivo

Por Rafael Belattini 18.08.2015 18H18

Quase dois anos depois do lançamento do Playstation 4 e do Xbox One, a principal categoria do automobilismo chegou aos consoles da nova geração. F1 2015, no entanto, consegue encantar na mesma proporção em que desaponta o fã do esporte. Apesar da Codemasters ter anunciado que já trabalhava no título next-gen quando lançou F1 2014, o jogo recém-lançado parece ter sido colocado nas prateleiras incompleto, com poucas modalidades e nada do consagrado modo carreira.

Para jogar algo mais longo que um final de semana da temporada, a única opção é a "Temporada Completa", onde é possível participar dos treinos livres, treino de classificação e todas as voltas da prova, ou reduzir o serviço, optando por fazer uma classificação mais simplificada e 25% das voltas da corrida. E mesmo que tenha 2015 no título, o game traz também a temporada 2014, com as pistas utilizadas no último campeonato e também as equipes com seus respectivos pilotos, dando a chance de rever Sebastian Vettel na Red Bull, ou até mesmo prestar homenagens à Jules Bianchi - vítima de um grave acidente no GP do Japão e veio a falecer neste ano.

O problema fica na pouca oportunidade de conseguir mudar algo que já é visto na televisão. Não há como crescer dentro da categoria, por exemplo. Não há como começar em uma equipe pequena e chegar às grandes escuderias, nem como criar um piloto. Basta escolher Lewis Hamilton em 2015 para saber que o caminho para o título é menos complicado. Se arriscar como Will Stevens e saber que nada vai dar muito certo também é outro caminho previsível.

Por outro lado, há bastante personalização na dificuldade. É possível jogar contra uma inteligência artificial mais fácil e ao mesmo tempo contar com ajudas nos freios, trocar de marchas, tração e ainda com uma indicação do melhor traçado da pista. F1 2015 também deixa você tirar todas essas facilidades ao longo da temporada, algo que ajuda no desenvolvimento e desafio do jogador.

Para os mais experientes existe o modo “Temporada Pro”, uma prova muito maior e próxima da realidade. Lá não existe nenhuma opção de auxilio e a visão do jogador fica só dentro do cockpit, sem as informações de tela como traçado e posição. Todas as informações chegarão apenas pelo rádio. Neste caso, a interação com o engenheiro é algo que foi melhorado, indo além de informações inúteis como antes. Por meia desta é possível saber, o ritmo de consumo do combustível, abrindo a possibilidade de uma escolha de mistura mais rica ou econômica, o desgaste dos pneus e o ritmo do piloto que vem logo atrás de você.

Fora a temporada, restam as opções da “Corrida Rápida”, com uma prova no circuito e condições que escolher, a “Tomada de Tempo”, um desafio contra o relógio, e um “Multiplayer” que apresenta um potencial para futuras edições.

O “Modo Corrida”, da opção online, permite disputar uma prova ao mesmo tempo em que ela acontece. O lado ruim, além de esperar outros jogadores aparecerem, é ficar com a participação comprometida na corrida pela escolha do carro, já que não é possível fazer uma prova com 22 carros iguais, mas sim com o grid original. Dentro da pista, os detalhes são o ponto alto. Os circuitos estão bem caracterizados, os efeitos climáticos impressionam e influenciam na corrida e todas as curvas e aletas dos carros estão lá.

Habilitando a opção de danos completos, um toque no carro adversário pode significar perda de desempenho pela quebra de um pedaço do carro, mas não existe uma regra específica para os danos, sendo possível perder a asa dianteira num toque aparentemente simples e sair ileso de um toque na traseira de um rival.

É de se imaginar que alguns bugs ainda aguardam atualização. Pois se tem um lugar em que o ditado “os últimos serão os primeiros” é em F1 2015. Após a largar na pole, você pode receber uma bandeira azul ordenando que dê passagem para o líder, geralmente o 22º, e último, colocado. A opção é reiniciar a corrida e torcer para que não volte a acontecer. Isso acontece mais de uma vez.

Outra derrapada fica na “transmissão” do espetáculo. Apesar do rádio funcionar bem, a narração deixa a desejar. As frases se repetem e quase sempre existe um elogio a uma “dobradinha da Red Bull”, mesmo quando as duas primeiras posições ficam com a Mercedes.

Cenas de entrevista no grid e a festa do pódio deixam o jogo mais parecido com a realidade, mas faltam detalhes que transmitiriam uma sensação concreta de simulação. Os acidentes são resolvidos imediatamente, sem bandeira amarela ou safety car. Se o carro da frente for desclassificado por qualquer motivo, ele simplesmente some na sua frente.

F1 2015, enfim, lembra muito a situação dos brasileiros na categoria. Para os fãs do automobilismo, vale a pena conferir, já que tem seus momentos de glória e alegria. Contudo, uma série de falhas faz com que seu desempenho não fique marcado como um dos grandes de todos os tempos.

F1 2015 está disponível para PC, PlayStation 4 Xbox One.

Nota do crítico