VALORANT: srN sofre ataques transfóbicos, e MPF é notificado
Atleta não binário é alvo de transfobia após vencer dois troféus no PeB 2023
Após vencer duas categorias no Prêmio eSports Brasil (PeB) 2023, srN, jogador não binário de VALORANT que recentemente deixou a Legacy, passou a ser alvo de transfobia nas redes sociais. Diante disso, a deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP) enviou um ofício ao Ministério Público Federal (MPF) com um pedido de abertura de investigação a respeito da situação.
Em publicação nas redes sociais, a deputada explicou a situação a respeito do caso, que "estourou a bolha" e passou a ser comentado por diversas personalidades de fora da comunidade de esports (entenda no decorrer desta reportagem).
Por conta dos ataques, srN desativou as redes sociais. O jogador, em comunicado autorizado pelos pais e enviado ao site ge, afirmou que "todas as medidas legais e cabíveis neste caso serão tomadas".
"Após o ocorrido, ficou claro que ainda há um grande caminho a ser percorrido para a modalidade inclusiva ser mais do que uma categoria. Esse espaço, que deveria ser para celebrar os talentos cis, trans e não bináries, mostrou que, mesmo dentro de uma bolha como essa, o preconceito segue enraizado. Todas as medidas legais e cabíveis neste caso serão tomadas. srN agradece o suporte de todos que se solidarizaram", disse a nota.
Entenda o caso
srN venceu duas categorias no PeB 2023: melhor atleta feminina de VALORANT, escolhida por um júri de cinco casters especializados na modalidade, e atleta revelação feminina. A escolha da primeira categoria, no entanto, foi marcada por muitas críticas da comunidade e até mesmo de pro players da modalidade, como daiki e joojina, ambas da Team Liquid.
Em meio às críticas houve, então, os ataques transfóbicos a srN nas redes sociais. A grande maioria dos comentários foi relacionada ao fato do prêmio ser "melhor atleta feminina de VALORANT" e o próprio srN, por sua vez, ser um jogador não binário.
Só que a categoria, no entanto, envolve o cenário inclusivo e não somente feminino. A nomenclatura é utilizada pela Riot Games no circuito de VALORANT que é aberto a mulheres cis, mulheres trans e pessoas não binárias.
Os comentários preconceituosos não ficaram somente na comunidade de esports. Os deputados federais Nikolas Ferreira (PL-MG) e Eduardo Bolsonaro (PL-SP) publicaram vídeos da premiação e ironizaram os troféus obtidos por srN.
No Brasil, quem ofender ou discriminar gays, lésbicas, bissexuais ou transgêneros está sujeito a punição de um a três anos de prisão, prevista na Lei nº 7.716/89, que define os crimes resultantes de preconceito de raça ou de cor. Assim como o crime de racismo, a LGBTfobia é crime inafiançável e imprescritível.
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Com a camisa da Legacy, srN foi um dos destaques da última temporada competitiva do VALORANT inclusivo e, conforme antecipado pelo The Enemy em primeira mão, irá reforçar o MIBR em 2024. A organização terminou no top 3 do VALORANT Game Changers Brasil 2023, mas não conseguiu a vaga brasileira para o Game Changers Championship 2023, o mundial da modalidade.
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