VALORANT: srN sofre ataques transfóbicos, e MPF é notificado

Atleta não binário é alvo de transfobia após vencer dois troféus no PeB 2023

Por Bruno Povoleri 16.12.2023 16H30

Após vencer duas categorias no Prêmio eSports Brasil (PeB) 2023, srN, jogador não binário de VALORANT que recentemente deixou a Legacy, passou a ser alvo de transfobia nas redes sociais. Diante disso, a deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP) enviou um ofício ao Ministério Público Federal (MPF) com um pedido de abertura de investigação a respeito da situação.

Em publicação nas redes sociais, a deputada explicou a situação a respeito do caso, que "estourou a bolha" e passou a ser comentado por diversas personalidades de fora da comunidade de esports (entenda no decorrer desta reportagem).

Por conta dos ataques, srN desativou as redes sociais. O jogador, em comunicado autorizado pelos pais e enviado ao site ge, afirmou que "todas as medidas legais e cabíveis neste caso serão tomadas".

"Após o ocorrido, ficou claro que ainda há um grande caminho a ser percorrido para a modalidade inclusiva ser mais do que uma categoria. Esse espaço, que deveria ser para celebrar os talentos cis, trans e não bináries, mostrou que, mesmo dentro de uma bolha como essa, o preconceito segue enraizado. Todas as medidas legais e cabíveis neste caso serão tomadas. srN agradece o suporte de todos que se solidarizaram", disse a nota.

Entenda o caso

srN venceu duas categorias no PeB 2023: melhor atleta feminina de VALORANT, escolhida por um júri de cinco casters especializados na modalidade, e atleta revelação feminina. A escolha da primeira categoria, no entanto, foi marcada por muitas críticas da comunidade e até mesmo de pro players da modalidade, como daiki e joojina, ambas da Team Liquid.

Em meio às críticas houve, então, os ataques transfóbicos a srN nas redes sociais. A grande maioria dos comentários foi relacionada ao fato do prêmio ser "melhor atleta feminina de VALORANT" e o próprio srN, por sua vez, ser um jogador não binário.

Só que a categoria, no entanto, envolve o cenário inclusivo e não somente feminino. A nomenclatura é utilizada pela Riot Games no circuito de VALORANT que é aberto a mulheres cis, mulheres trans e pessoas não binárias.

Os comentários preconceituosos não ficaram somente na comunidade de esports. Os deputados federais Nikolas Ferreira (PL-MG) e Eduardo Bolsonaro (PL-SP) publicaram vídeos da premiação e ironizaram os troféus obtidos por srN.

No Brasil, quem ofender ou discriminar gays, lésbicas, bissexuais ou transgêneros está sujeito a punição de um a três anos de prisão, prevista na Lei nº 7.716/89, que define os crimes resultantes de preconceito de raça ou de cor. Assim como o crime de racismo, a LGBTfobia é crime inafiançável e imprescritível.

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Com a camisa da Legacy, srN foi um dos destaques da última temporada competitiva do VALORANT inclusivo e, conforme antecipado pelo The Enemy em primeira mão, irá reforçar o MIBR em 2024. A organização terminou no top 3 do VALORANT Game Changers Brasil 2023, mas não conseguiu a vaga brasileira para o Game Changers Championship 2023, o mundial da modalidade.


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