VALORANT: Carlao explica saída da FURIA e entrada na ZETA
Coach também revela ter recebido propostas do Brasil e da Europa
Como já havia vazado anteriormente, Carlao foi anunciado, na manhã desta quarta-feira (1), como novo head coach da ZETA DIVISION para a próxima temporada competitiva de VALORANT. O coach brasileiro conversou com o The Enemy e explicou os porquês de sair da FURIA e aceitar a proposta da organização japonesa, revelou propostas de outras regiões e respondeu às críticas recentes da comunidade brasileira a respeito do seu trabalho.
Saída da FURIA
Assim como Jaime Pádua, fundador da FURIA, já havia antecipado em entrevista exclusiva ao The Enemy, Carlao teve a oportunidade de permanecer na organização brasileira em outra função, mas recusou para seguir como head coach. O coach confirmou e, como justificativa para a saída, bateu na mesma tecla do dirigente: encerramento de ciclo.
“Depois da última temporada estava nítido que o ciclo tinha que encerrar, tanto pela minha parte, quanto em relação à FURIA. Acho que foi um encerramento de ciclo natural, que acontece em qualquer âmbito do esporte. Por tudo que eu fiz pela FURIA nos últimos anos e porque comecei o projeto de VALORANT lá, o Jaime queria que eu ficasse porque ele sabia que eu poderia render em outra área — que poderia ser como manager. O Jaime não queria que eu saísse de forma alguma”, revelou.
Carlao ainda contou que a decisão de sair da FURIA foi mais difícil do que imaginava e precisou de bastante tempo para tomá-la. Ele balançou com a possibilidade de migrar de função, mas decidiu seguir como treinador e chegou a receber uma mensagem de qck, ex-jogador da FURIA e futuro reforço da LOUD, que definiu de vez a situação.
“Era uma dúvida que eu tinha depois dessa temporada com altos e baixos: será que continuo como treinador ou vou para manager e traço uma outra caminhada? Não foi uma decisão fácil. Foi uma decisão que demorei semanas para tomar. Pensei, analisei, conversei com a família, tirei um tempo para pensar sobre essa situação. Aí veio uma luz para mim e eu decidi continuar como treinador porque é isso que eu sei fazer. Sou bom nisso e sei que sou bom. Por coincidência, quando eu recusei a proposta da FURIA para continuar na organização, o qck me mandou uma mensagem e falou: “estou passando por aqui só para te agradecer por tudo que você fez por mim. Você mudou minha vida. Nunca vou te esquecer e não quero que a gente se distancie. Você é como um pai para mim”. O qck me mostrou que eu tomei a decisão certa de continuar como treinador porque eu mudei vidas de “crianças” de 16, 17 anos. Quando recebi essa mensagem foi um diferencial para mim, aí decidi seguir como treinador”, contou.
Por que a ZETA?
A comunidade brasileira de VALORANT encarou com surpresa quando soube da ida de Carlao para a ZETA, e com razão. Não é todo dia nos esports que um treinador brasileiro acerta com uma organização japonesa. O coach explicou a situação: fez um tryout sem grandes pretensões e, após as conversas avançarem, aceitou a proposta por acreditar que pode agregar positivamente na evolução da equipe. Ele ainda confirmou que recebeu outras ofertas de diversas regiões — inclusive do Brasil.
“Eu recebi propostas de basicamente todas as regiões, desde Tier 2 até franquias. Recebi proposta do Brasil, da Europa, do Pacífico. Só que, quando eu fiz o tryout na ZETA, percebi que era um time que eu conseguiria impactar positivamente, sabe? Vi que podia ajudar o time para se tornar muito melhor do que já são. E como eles estavam com problemas de inconstância, eu vi nos treinos que eles cometem alguns erros que eu consigo ajudar. Não tinha muito conhecimento dos jogadores e nenhuma afinidade com ninguém. Foi por uma situação de que consigo ajudar esse time a ser bem melhor. Consigo ajudar esse time a ser muito superior do que ele está sendo, o que me motivou a vir para cá muito além de qualquer outra coisa”, afirmou.
Mas e a adaptação em um país com uma cultura bem diferente do Brasil e até mesmo dos Estados Unidos? Perguntado sobre isso, Carlao negou ser um problema e confirmou que conta com a ajuda de um tradutor. Além disso, o coach brasileiro revelou já estar bem adaptado ao Japão mesmo com pouco tempo no país.
“Eu estar longe da família é algo natural para mim porque sou de Goiânia e tive que ir para São Paulo no projeto da FURIA. Mesma coisa aconteceu quando fui para Los Angeles. A única diferença é o fuso horário. Para mim, essa questão de cultura não muda muito. Sobre a cultura: eu falo em inglês com o pessoal e tenho um tradutor que me ajuda quando o pessoal aqui não entende. A cultura é um pouco diferente, mas eu até gostei e me adaptei super bem. Amei tudo que eu vi desde o começo. Já me sinto adaptado”, disse.
LEIA MAIS
- VALORANT: FURIA acerta com lukzera como assistente técnico
- VALORANT: murizzz e snw acertam com organização mexicana
- VALORANT: Sentinels receberá investimento de R$ 17 milhões
Críticas
Por fim, Carlao respondeu às críticas recentes da comunidade brasileira a respeito da última temporada da FURIA. De acordo com o coach, a culpa da organização ter tido um ano de “altos e baixos” foi do time inteiro e não somente dele. Além disso, ele também disse que demonstra chateação com a torcida e que se apega mais aos dois primeiros anos do que o último na organização.
“Às vezes fico um pouco chateado porque as pessoas que dão hate por causa desse ano da FURIA e esquecem toda a história que a gente construiu na organização, desde eu pegar um projeto do zero com a garotada e transformar em um projeto de franquia. Não é um processo que qualquer um faz. O projeto mais vencedor do Brasil é do Sacy e do Saadhak, e o segundo projeto que mais conseguiu ter impacto no Brasil é o meu porque eu que fiz esse projeto do zero junto com a FURIA. Saber que a galera meio que esconde esse amor que tiveram por mim no primeiro e no segundo ano por causa de um terceiro ano, que teve altos e baixos, é muito triste. No terceiro ano não foi uma falha do Carlao, foi uma falha de todo mundo. Nosso time não era maduro o suficiente para continuar evoluindo como uma equipe. E aí tem muita falha minha porque eu sou o responsável deste projeto, mas tem uma falha do conjunto que, olhando para trás, todo mundo poderia ter feito coisas diferentes. É saber que o erro do último ano na FURIA é muito mais devido a um conjunto do que propriamente uma pessoa”, concluiu.
Hey, listen! Venha se inscrever no canal do The Enemy no YouTube. Siga também na Twitch, Twitter, Facebook e TikTok ou converse com o pessoal da redação no Discord.
Aliás, somos parceiros do BIG Festival, o principal evento de jogos da América Latina, que aproxima o público com o desenvolvedor de jogos. Vem saber mais!