Por que times grandes são rebaixados “facilmente” no Free Fire?

Entenda porque há organizações de nome e tradição no Free Fire disputando a Série B e até mesmo a Série C na modalidade

Por Gabriel Reis 01.08.2021 13H24

Flamengo, Team Liquid, paiN Gaming, INTZ, Team oNe, RED Canids Kalunga… Por que tantas grandes organizações são rebaixadas no Free Fire? Após a Série de Acesso para a LBFF 6, várias pessoas se surpreenderam com Liquid, paiN e  INTZ indo disputar a Série B da LBFF.

É claro que, a surpresa vem de fora, afinal, quem acompanha o cenário consegue entender porque as três, mais Team oNe e GOD Unidas - rebaixadas direto no final da fase de grupos - caíram. Falta de planejamento, acomodação, problemas internos e externos, ego, enfim.

Explicando rapidamente como funciona o formato da Liga Brasileira de Free Fire, ela é dividida em três divisões: Série A, B e C. A Série A é a elite, onde estão os 18 melhores times do Brasil. O formato da Série A, ao final da fase de grupos, classifica os 12 melhores times para a grande final, os quatro medianos (13º-16º) para a Série de Acesso e os dois últimos colocados são rebaixados direto para a Série B.

A Série de Acesso funciona como uma repescagem, reunindo as quatro equipes vindas da Série A e oito que ficaram no meio de tabela (3º-10º) no final da Série B - os dois melhores colocados ocupam a vaga dos dois rebaixados da Série A. Os quatro melhores da Série de Acesso, disputada em nove quedas, se garantem na Série A, e o restante vai para a Série B.

A Série C reúne várias equipes da comunidade e novas organizações que chegam de classificatórios, além dos times rebaixados da Série B e seu formato patético, que na última etapa rebaixou Tropa e RED - sim, teremos um campeão das Américas disputando a terceira divisão, o que também não é surpresa.

Indo ao que interessa, há vários motivos que explicam a quantidade de grandes organizações e times tradicionais - dentro e fora do Free Fire - na Série B. Entre os fatores, está o alto nível do Free Fire nacional. Desde a finada Free Fire Pro League até a Liga Brasileira de Free Fire, o cenário cresceu muito e o nível se elevou ano após ano. Exemplo claro é o nível que Team CodaSolid e Nitroxx Top 10, campeão e vice-campeão da Série B na LBFF 4, apresentaram ao longo da LBFF 5.

TCS foi um dos grandes destaques da fase de pontos da LBFF 5 (Foto: Bruno Alvares e Jéssica Liar/Garena)

Fora isso, o nível das últimas Séries de Acesso, destacando a mais recente, que promoveu três equipes da Série B para a elite - não podemos esquecer ainda de Civis e Imortal Force, o Grêmio, que sem dúvidas teria subido se não tivesse perdido todos os pontos que somou nas primeiras três quedas. Foi uma punição dura, mas regulamento é regulamento (um dos jogadores usou uma skin de gelo proibida). 

Série de Acesso foi disputada ponto a ponto até a última queda (Foto: Divulgação/Garena)

Há outro fator que conta muito que é o formato da liga. A Série A tem um formato que, de modo geral, pode rebaixar até seis equipes por temporada - quatro disputam Série de Acesso com chances de cair e duas são rebaixadas direto. Isso aumenta a rotatividade de equipes na elite e movimenta a Série B, que infelizmente, volto a dizer, é um produto muito mal aproveitado pela Garena. Espero que acordem e mudem o formato o mais rápido possível.

A Série B, por sua vez, rebaixa 12 equipes direto para a Série C somente na primeira fase da competição, onde os times disputam apenas seis quedas. Isso significa que, todos os grandes times recém-rebaixados, ainda têm grandes chances de cair para a terceira divisão, uma vez que o formato de duas quedas por semana, na minha opinião, demanda muito mais sorte do que qualquer outra coisa.

Em linhas gerais, não enxergo o rebaixamento como algo ruim, às vezes é uma motivação a mais para a equipe voltar com tudo para a Série A - e claro, corrigir os erros que causaram a queda. Exemplo: a Black Dragons, que ganhou a C.O.P.A. Free Fire no ano passado, se acomodou e precisou cair para acordar - não à toa, conseguiu voltar à elite logo na primeira chance. Los Grandes caiu, voltou à Série A e na última temporada, sofrimentos à parte, disputou a grande final. Em contrapartida, há equipes que, desde que caíram, ainda não conseguiram arrumar a casa, como é o caso da New X, que desde o rebaixamento na LBFF 3, não conseguiu retornar à elite. 

De modo geral, o rodízio de equipes nas divisões é algo bom para o cenário como um todo, uma vez que o nível vai ficando cada vez mais alto e a competição aumentando. Deixo, no final, mais uma crítica ao formato da Série B, apenas, porque ao mesmo tempo que ter grandes organizações na segunda divisão é um prato cheio, assistí-las sendo rebaixadas depois de disputar somente seis quedas é um tiro no pé.