PAADA: "A paiN Gaming é muito maior do que eu"
Fundador da paiN fala sobre seu papel na organização, crescimento da paiN e novo gaming office
Fundada em março de 2010 por Arthur "PAADA" Zarzur, a paiN Gaming hoje é uma das principais e mais tradicionais organizações de esports do Brasil. O fundador, que era jogador profissional de DotA, acompanhou de perto a ascensão de sua equipe rumo ao estrelato e a conquista de milhares de torcedores. PAADA, no entanto, deixou há algum tempo os holofotes e trabalhou mais nos bastidores da organização. Ainda reverenciado pelo público, o fundador dos "Tradicionais" voltou a falar com a imprensa após muito tempo durante a inauguração do novo gaming office da paiN Gaming, em novembro de 2022.
"Tudo o que fiz na minha trajetória sempre foi em prol do cenário de esports como um todo", comentou PAADA. "Não busco atenção do público ou do mercado pessoalmente, mas o carinho que os fãs tem por mim acho que é uma demonstração do reconhecimento da minha luta. Tento de tudo para fazer dar certo, e é realizador. Não gosto de aparecer, mas escuto também os fãs. A paiN é muito maior do que eu, a organização atende o que as pessoas querem e eu não usso isso por usufruto próprio. Sempre tive claro na minha cabeça que é tudo em prol do avanço e profissionalização dos esports no Brasil".
Confira abaixo alguns dos principais trechos da entrevista com o The Enemy.
The Enemy: Como você se sente vendo que aquela ideia que nasceu de você se transformou em tudo isso que engloba a paiN hoje em dia?
PAADA: Eu acho que o segredo é paixão mesmo, porque eu sempre joguei e jogo até hoje, então a gente não quer ser só um time, o nosso objetivo é ter o cenário muito consolidado. Tem muito potencial no Brasil, estamos sempre buscando melhorar e construir porque fazemos o que amamos, e as coisas acontecem naturalmente, sempre buscando trazer coisas novas porque é uma satisfação fazer algo que realmente gosta.
TE: Mas nesse caminho todo lá atrás você achava que viraria o que tem hoje?
P: Na verdade eu queria ser jogador, né? Só que as responsabilidades vão caindo em cima da gente e a gente não quer decepcionar. Muitos jogadores e torcedores contam com a gente, e por mais que fuja do que eu realmente almejava eu acho que é algo muito realizador, e sempre tentaremos corresponder com amor, pois as coisas estão no caminho certo.
TE: E o carinho da torcida?
P: Atenção não é algo que eu busco, mas acaba acontecendo, e eu acho que o que os fãs estão tentando demonstrar é reconhecimento. Tento de tudo para fazer dar certo. É muito amor, muito realizador. Não gosto de aparecer, mas a gente escuta os fãs, e se eles me chamam eu vou, não tem muito como.
TE: Por que você se afastou publicamente?
P: É algo pessoal. A paiN é muito maior do que eu. Ela realmente atende o que as pessoas querem, e eu não uso isso por usufruto próprio, para o meu nome. Eu faço pelo cenário, essa é a minha visão.
TE: Teve algum momento específico que você sentiu isso, que motivou o seu afastamento público?
P: Naturalmente tem pessoas que cobram e que enxergam que a gente toma decisões por ego, orgulho, mas tudo o que fazemos é pelo cenário, pelo fã. Por mais que eu tenha participado de algumas coisas, eu reconheço que a paiN é maior que eu, existem pessoas mais qualificadas do que eu, e de novo, quero montar a melhor estrutura para atender as necessidades do cenário e cresce-lo. Tudo isso é mais importante do que eu como pessoa.
TE: E como o Thomas Hamence (CEO da paiN Gaming) entra nisso?
P: Estudamos juntos, mas não éramos amigos na escola. Em 2015, quando a gente começou a dar um investimento diferenciado em conteúdo, a gente procurou uma agência para fazer o anúncio do brTT e tudo mais, para tentar profissionalizar o conteúdo, e o Thomas veio dali. Ele tinha uma agência de edição e aí a gente foi se conhecendo, retomou o contato e foi trabalhando junto, tivemos grandes cases de sucesso. Talvez naquele momento o Thomas não tinha o conhecimento do mercado, mas era um cara muito engajado, muito obcecado por querer sempre trazer coisas novas, e muito mente aberta. Não temos muitas referências, então precisamos ter mente aberta e uma dinâmica boa.
Hoje é um cara que confio cegamente, ele cuida mais do dia a dia, e quando tem decisões grandes para tomar eu entro junto. Ele está no papel de CEO desde 2019 mais ou menos, mas desde 2015 ele já trabalha com a gente. Começou com edições de vídeo e evoluiu para outras coisas. Ele sempre se deu bem com os jogadores, então é uma pessoa que se interessou pelo cenário, não era um cara que chegou e viu apenas números, é amigo de todos, abriu muito a cabeça. Autenticidade é importante, você mostrar o seu valor antes de querer que todos te deem alguma coisa. Jogadores são muito emotivos, então é preciso ter pessoas que se preocupem, ou todos vão se segurar muito.
TE: Muitas coisas no novo office remetem à cultura da paiN. Essa cultura vem de algo que você sempre quis ter como jogador ou é algo que foi surgindo conforme a paiN empresa foi evoluindo?
P: Eu mesmo fui moldando um pouco a forma de enxergar as coisas, porque da mesma forma que joguei eu também trabalhei com muitas pessoas, até hoje aprendemos. Essas palavras são construção de conhecimento e experiências de todos os envolvidos.
TE: Quanto você se esforça para não perder essa proximidade com os jogadores?
P: É fundamental. O jogador precisa estar feliz e confortável, você precisa conhecer ele e saber tudo, e ele só precisa estar preocupado em jogar e estar feliz. Ter esse espaço é muito importante, precisamos levar em consideração. Quando tínhamos lugares improvisados acabamos perdendo contato, pois é muito longe um do outro. Ter algo concentrado assim torna mais fácil o contato. O jogador precisa estar feliz, não é só dar dinheiro e pronto. É dar estrutura e tudo mais. Eu jogo muitos jogos, bati muito papo, assisto os jogos, e realmente acredito que é importante, e acontece naturalmente.
TE: E com as equipes de jogos que você não tem proximidade, como é o trabalho? Casos como o do Free Fire ou a line feminina de League of Legends.
P: Sim, tive dificuldades, porque não são cenários que eu conheço tão bem, mas a ideia desse espaço é isso, me aproximar de todo mundo, conhecer melhor. Há jogadores que tenho pouco contato, mas acompanho eles. Não tenho Twitter, mas olho sempre o que está rolando lá para ter um conhecimento melhor. A gente não faz encontros entre a galera toda hora, mas em momentos especiais a gente adora organizar churrascos e usar esse momento feliz para conhecer todo mundo e comemorar as conquistas.
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A paiN Gaming hoje possui equipe masculina e feminina de League of Legends, além de Free Fire e CS:GO. A organização também já teve equipes de VALORANT, Rainbow Six, Arena of Valor, DotA 2, Overwatch, Clash Royale e outras modalidades.