Os esports entraram na mira da mídia mainstream em meados dos anos 2010, com o surgimento de grandes eventos pipocando ao redor do Brasil e do mundo. As premiações portentosas, torcidas gigantes brotando aqui e ali e, claro, pro-players tão ou mais famosos quanto atletas de esportes tradicionais. 

Porém, isso é fruto de muitos e muitos anos de trabalho.Se hoje o Intel Extreme Masters, está quebrando os paradigmas da comunidade de Counter-Strike, é porque muitas e muitas pessoas investiram nesse cenário. Times de esports, organizadores de eventos e um sem-fim de atletas e marcas.

Uma dessas empresas que investiu pesado no cenário desde o início foi a Intel.  “O início de tudo foi bastante emocionante, mas não tínhamos ideia do que iria se tornar no futuro”, diz George Woo, Esports Marketing Manager da Intel. Ele foi um dos primeiros a identificar o potencial do mercado e levou a ideia para a companhia, que abraçou a ideia imediatamente. 

“Nós sabíamos do potencial da comunidade de jogos e mesmo que não existissem coisas como redes sociais e Twitch. Nós queríamos entrar nesse mercado levando nossa marca para ocupar esse espaço. Mas sabíamos que não poderia ser uma aventura vazia. Tínhamos que entrar para ficar”, conta George.

IEM São Paulo aconteceu na Campus Party entre 2012 e 2014 / ESL

“Esse já era o nosso mote já na CPL [Cyberathlete Professional League, uma liga que nasceu em 1997], quando éramos os principais patrocinadores. Por outro lado, a ESL estava dominando o cenário da Europa. Eles conversaram com a Intel na Alemanha e faziam um evento chamado Friday Night Games. Naquela época nem tínhamos cobertura da mídia, era basicamente uma grande LAN Party”, comentou o executivo.

Em 2006 a ESL se uniu à Intel para fazer uma liga global que debutou em 2007 com a primeira Intel Extreme Masters sendo sediada em Hanover, Alemanha, durante a feira de tecnologia CeBIT. O evento focado em games competitivos já trouxe Warcraft III e Counter-Strike. A partir de então, o IEM nunca mais deixou de ser executado.

A IEM tem como objetivo ser uma turnê global com eventos em diversos países, com etapas na Europa, Ásia e Américas. Os jogos mais variados já fizeram parte do cardápio competitivo como DotA, Starcraft, Quake e League of Legends.

Em 2012, em sua sexta temporada, a IEM veio para a Campus Party e trouxe o Global Challenge de StarCraft II. Em 2013 o evento voltou, mas desta vez com o desafio de League of Legends, onde vimos paiN, Keyd, InSight e Nex Impetus disputando contra times sul-coreanos e europeus. 

IEM Katowice marca o fim do circuito anunal da IEM  / ESL
IEM Katowice marca o fim do circuito anunal da IEM / ESL

Como nota, a Keyd conseguiu operar um milagre quando venceu a Incredible Miracle e marcando no livro da história a primeira vitória de um time brasileiro contra um sul-coreano. No ano seguinte a paiN de Kami, brTT, Minerva, SirT e Venon chegaram ao vice-campeonato, mostrando o potencial brasileiro.

Apesar de ter diversos jogos em sua conta, a IEM se tornou a casa dos principais torneios de CS 1.6 e CS:GO. Inclusive foi por conta dessa parceria que Intel e a ESL fincaram o pé para fazer da IEM Katowice, Polônia, o ponto final do circuito, mesmo sendo realizado em fevereiro.

George diz ainda que, no início, a ideia era fazer da IEM um grande evento, com direito a ser televisionado, “Mas exageramos com nossas promessas”, relembra. “Estávamos muito animados e víamos o potencial dos torneios, precisamos levar alguns baques e entender como fazer o interesse crescer e expandir nosso alcance”.

“Hoje a IEM é intrinsecamente ligada à ESL. Nós formamos uma grande parceria para fazer os eventos acontecerem. A ESL com toda sua expertise em organizar eventos e torneios, nós com o lado da tecnologia para torná-los possíveis”, conta o executivo.  

IEM Rio é um sucesso de público / ESL
IEM Rio é um sucesso de público / ESL

Independentemente dos tropeços, a IEM se consagra como o evento de esports mais longevo no mundo dos esports. Originalmente o evento voltaria para o Brasil em 2020, porém, com a pandemia de COVID-19 o evento foi suspenso. Agora em 2022 a IEM Rio ocupa o Jeunesse Arena, com todos os ingressos vendidos e também com uma área destacada, a Fan Fest, comandada por Gaulês e a Tribo.

Talvez a espera tenha sido melhor. O público de Counter-Strike sempre foi grande no Brasil, como vimos na ESL Pro League em 2016, em São Paulo, ESL One de Belo Horizonte em 2018, ou mesmo a Blast Pro Series em 2019 em São Paulo.

@theenemybr Hoje tudo mudou! O #IEM  Rio Major 2022 mudou de local e só podemos resumir com UAU! Esse combo de arena 360° na Jeunesse e vibe mais despojada da Fan Fest é o combo perfeito pra diversão! Vem conhecer os espaços que esperam os visitantes desse grande evento!! #fanfest #riomajor #riomajor2022 #csgo #iemriomajor2022 ♬ som original - The Enemy

“Eu estou à frente de todas as IEM desde o início. A torcida brasileira é sem igual. Nunca vi nada assim em nenhum lugar do mundo”, conta George após ver os primeiros dias da IEM Rio.

Pergunto se podemos esperar outro Major no Brasil no futuro e George diz “Se dependesse de mim teríamos mais eventos como esse por aqui, mas a decisão final sempre será da Valve”.

Por enquanto, ficamos no aguardo - a IEM nem mesmo acabou e estamos pensando sobre o futuro. Mas depois de ver o espetáculo que vimos nos últimos dias, é certo de que, tanto em questão competitiva, quanto de audiência, o Brasil faz um show sem igual.


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