Fortnite: “Não levam a sério”, diz Flakes sobre pro players
Fundador da Hero Base falou sobre novos projetos e cenário competitivo
A Hero Base vai crescer! Em evento pós-BGS 2023 e emendado na FNCS Global Championship, o mundial de Fortnite, Flakes Power, fundador da organização, falou bastante sobre a situação de sua organização, planos para o futuro e aproveitou para deixar duras critícas ao cenário competitivo como um todo. Ele apontou grande desinteresse de pro players na performance de alto nível.
O começo da coletiva de imprensa foi sobre o estado atual do cenário competitivo, que finalmente retorna a ter um mundial presencial — o primeiro desde 2019.
“A gente sempre teve muita vontade, desde o começo da organização, de investir pesado em competitivo, mas sempre tivemos muita dificuldade em entender como fazer isso da forma correta dentro do cenário de Fortnite, que é uma zona. Todo mundo que tenta acompanhar o cenário tem muita dificuldade em entender como as coisas funcionam, porque a Epic segue um sistema nada tradicional, onde o foco é no jogador, e não na organização. Como consequência disso, o jogador faz do jeito que quer, e temos vários jogadores sem organização; a grande maioria não investe na própria carreira”, explicou Flakes.
A iniciativa da Hero Base, indo no caminho contrário a essa tendência, foi consolidar uma dupla de jogadores dentro de sua casa. Phzin e kitoz representam a organização, assim como o técnico Gorilon. Ainda assim, as dificuldades permanecem.
“A gente tá tendo um esforço pra fazer as pessoas do competitivo ter um interesse na criação de conteúdo mais casual, e o casual ter interesse em acompanhar o competitivo. A gente sabe que, no Fortnite, os grandes números tão no casual, a galera que joga esporadicamente, então estamos tentando trazer essa comunidade pra dentro. Estamos fazendo vários documentários com o phzin e o kitoz pra fazer o público do casual entender como funciona a rotina do competitivo, pra ver se a gente consegue trazer essa galera”, complementou.
Acelerando para um novo horizonte
Ainda que o caminho tenha sido árduo no battle royale da Epic Games, Flakes afirma que seu time está mais focado do que nunca nos esports eletrônicos, com menos foco na criação de conteúdo, e deixa o suspense para o que está por vir.
“A partir de agora, a gente aprendeu a trabalhar com o Fortnite competitivamente, a gente tá atacando mais esports como foco da organização. A gente tá tirando um pouco o pé de criação de conteúdo, vamos continuar investindo bastante, mas comparado com antigamente, hoje, o foco da org é o esport, e a gente tá se estruturando pra entrar em mais um jogo ainda esse ano”, revelou.
Vários dos presentes na coletiva tentaram arrancar algo sobre qual seria essa nova modalidade, mas ele manteve o mistério.
“Não é tradicional e tem a ver com que a gente faz hoje. Não é difícil de imaginar qual que é, tem a ver com o sistema de Fortnite, eu diria. É muito parecido com o Fortnite, competitivamente falando”, disse, tentando não dar tantas dicas.
Performance no mundial
Apesar de ter conseguido boa performance na lower bracket, a dupla da Hero Base foi bem mal na grande final da FNCS Global Championship. Phzin e kitoz terminaram em 11º na lower, mas ficaram na 47ª posição — entre 50 equipes — na decisão. Flakes minimiza o resultado ruim, e explica o que ocorreu.
“Acho que o competitivo de Fortnite é muito aleatório. Por mais que a gente treine e se prepare muito, o fator sorte, no competitivo de Fortnite, é muito predominante. As coisas estavam muito boas pro nosso lado no dia de ontem, a gente mandou super bem, mas hoje uma dupla resolveu cair no mesmo drop que a gente. A partir desse momento, dentro de uma partida que tem 50 outras equipes, acaba dificultando muito as coisas”, analisou.
Em sua visão, o Brasil tem muito talento mecânico no jogo, mas seu time foi prejudicado por algo que estava fora do controle.
“Ao mesmo tempo que a gente tinha a expectativa muito alta de poder ter uma performance melhor, a gente sabia que poderia acontecer uma coisa como essa, de ter uma disputa de drop, e acabar atrapalhando nosso resultado. A gente sabe que o Brasil como um todo, individualmente, tem muita habilidade. Num confronto direto de 1x1, 2x2, a gente tem muita chance de vencer; o problema, realmente, é cair num drop com outras equipes junto”, emendou.
“Não levam a sério”
A conversa sobre o nível do Brasil escalou para sérias críticas de Flakes ao cenário competitivo como um todo. O descaso de vários jogadores com o jogo impede que as duplas daqui tenham bom treino, segundo ele, que deu sua opinião sobre a mentalidade predominante no país.
“É muito complicado mudar a cabeça da galera, porque é um público muito novo. A idade média de jogadores de Fortnite é 15, 16 anos. Eu sou uma pessoa que luta muito contra isso, pra tentar mudar a cabeça da galera [...] Hoje, a maior barreira de um jogador brasileiro performar bem num campeonato mundial não é técnica, porque eles são muito bons individualmente, mas eles não conseguem treinar em alto nível, porque a maioria da galera não leva a sério. E como eu faço as outras pessoas levarem a sério, é muito difícil mudar a cabeça da pessoa”, disparou.
“É muito foda, porque o jogador de Fortnite usa o jogo, muitas vezes, só pra ganhar dinheiro. Ele não tem o sonho de ser pro-player, de seguir uma carreira. Tem muito moleque de 15 anos que não tem esse sonho, ele só quer jogar Fortnite, ganhar um dinheiro, pegar essa grana e ir na Louis Vuitton comprar um tênis [...] Essa galera não tá nem aí, eles só querem jogar, ganhar uma grana, e não querem promover sua carreira, investir na própria imagem. É a gente travar uma batalha contra o cenário todo”, desabafou.
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Apesar de não transparecer muita esperança de que isso possa mudar no battle royale, Flakes apontou para uma solução onde o jogo da Epic passe a ser levado a sério no Brasil.
“Com o Modo Criativo crescendo pra caramba, pode ser que surjam novas ligas competitivas que sejam fora do padrão Battle Royale tradicional. A gente fala muito sobre chegar, quem sabe, um modo primeira pessoa no Fortnite. O que impede de serem criados mapas competitivos de primeira pessoa, de time contra time, e ser criada uma liga em cima disso? Então, pode ser que mude drasticamente o Fortnite como a gente conhece, até competitivamente falando, graças ao UEFN. O Fortnite tá deixando de ser um jogo e virando uma plataforma de jogos, e aí podemos ter modalidades diferentes dentro do próprio Fortnite, e vai depender muito do apetite da Epic de investir nisso ou não”, finalizou.
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