CS:GO: Xamp, do Fluxo e Gio comentam altos e baixos da FURIA
Os especialistas discordam sobre a situação da equipe, mas concordam em relação a mudanças pontuais que precisam ser feitas
A FURIA amargurou mais uma eliminação no início de um playoff, após derrota de virada por 2 a 1, para a Outsiders, na ESL Pro League S16. O fato reviveu um grande debate da comunidade nacional e até internacional, sobre quando o time alcançará um novo patamar. Para nos aprofundarmos no assunto, o The Enemy convidou Xamp, treinador do Fluxo e Gio, para comentar este momento dos panteras.
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Sobre a atual situação do time, os dois especialistas mostram uma certa discordância. Gio acredita que a FURIA estagnou, "pois não tem as cinco peças ideais pra cada uma das funções". Já Xamp, enxerga uma evolução por parte da equipe:
"Desde o retorno para a Pro League, a Fúria demonstrou um sistema de jogo que se adapta melhor ao adversário, então discordo da parte da pergunta sobre eles não conseguirem dar um passo a frente. Houve um tropeço diante de um grande adversário, que é a Outsiders, mas o retorno ao top 10 mundial mostra que continuam evoluindo, com vitória sobre grandes adversários, como a Liquid, top 3 [HLTV]", opinou o coach do Fluxo.
Xamp ainda adicionou que a FURIA mostrou nessa Pro League, que pode jogar fora do conforto dependendo do adversário, o que é muito positivo. Gio por outro lado, enxerga que o time precisa melhorar em alguns aspectos, como as decisões que tomam durante as rodadas.
"Falta melhorar a adaptação em situações de jogo, pois A FURIA perde muitos mid rounds em função de tentar uma kill a mais ou um domínio a mais", afirmou Gio. "É um time maluco durante os dois minutos de round, por não saberem equilibrar a intensidade. Ou é muito pra trás, ou muito pra frente. Acho que pode ser teimosia da equipe em não querer mudar seu estilo de jogo agressivo em alguns momentos que os fazem pecar tanto", completou explicando.
Gio é coach profissional, casters e tem um canal no youtube focado em análises
Foto: BBLApesar de algumas visões diferentes, há também concordância entre os treinadores. A função de AWP, por exemplo, é um ponto de atenção que ambos levantaram.
"Eu soltaria ainda mais o jogo do saffee, assim como fazia a paiN, em 2021. Sei que os adversários da FURIA são mais difíceis que os da paiN ano passado, mas acredito que ele pode ter mais impacto do que está tendo atualmente", disse xamp.
Em uma linha bem semelhante de raciocínio, Gio falou: "Acredito que a FURIA precise trocar de AWP para um que preencha o estilo agressivo da equipe, como o arT, e instalar um Assault com mais impacto que o drop para dar tempo do jovem se desenvolver. O Saffee é mal utilizado na FURIA e claramente não encaixou no sistema. Já o drop, acho que ele ainda não é a estrela que promete ser, mas acredito que será sim, dentro dos próximos dois anos".
Outro ponto em que Gio e Xamp concordam é sobre o RMR. Xamp diz que "a FURIA vai smurfar no RMR", enquanto Gio aponta que "o estilo deles é superior a 99% das equipes das Américas". Mas, para o Major, talvez a história não seja a mesma…
Xamp crê que, o fato do Major ser no Brasil, possa ser o grande 'boost' que a FURIA precise para ir além. Por outro lado, Gio frisa a parte do tempo escasso: "No Major, é provável que não tenham tempo suficiente para criar a casca necessária e mudar as situações de jogo".
Xamp é treinador profissional e atualmente comanda a equipe de CS:GO do Fluxo.
Foto: Saymon Sampaio/André LuisFinalizando os comentários de ambos, também foi lembrado que, apesar da FURIA não conseguir títulos e receber duras críticas, ainda assim é a melhor do Brasil há anos. Será que a situação se manterá ou eles serão superados em breve?
"Hoje temos umas quatro equipes no Brasil com reais chances de alcançar o mesmo nível de performance da FURIA", cravou xamp. "2019 a FURIA se tornou a principal equipe brasileira e em 2020 tivemos a pandemia e cada um ficou na sua região, o que impossibilitou outras equipes de terem um grande destaque. 2021 foi um ano de grandes mudanças no cenário brasileiro, principalmente na criação de novas organizações que acabaram fazendo trocas e não vingando. Por fim, em 2022, o 'gap' entre a FURIA e os demais times brasileiros foi diminuindo pouco a pouco. Exemplos disso são as vitória de paiN, 9Z e 00Nation, em cima deles", adicionou.
"Eu acredito que o CS Brasileiro não decaiu, na realidade até subiu, pois temos muito mais equipes com capacidade de bater equipes internacionais do Tier 2 e até Tier 1. Mas eu acredito que ao mesmo tempo, não temos mais como sonhar com o ‘Dream Team’, de um time com os cinco melhores jogadores em cada função, já que os buyouts hoje giram na casa dos milhões de reais e assustam nas contratações dos projetos. Sem isso, precisamos de uma boa mescla de experiência com juventude, que é o principal problema da FURIA hoje, já que os três mais experientes a desenvolveram, junto do estilo da equipe, que é onde falham", avaliou Gio.
Durante a transmissão da própria ESL Pro League 16, depois da derrota para a Outsiders, tanto a stream brasileira, quanto a internacional, fizeram duras críticas ao time FURIOSO. Gaules, mch e Apoka chamaram atenção para os picks e bans, que não agradou principalmente na escolha da Inferno, que é um mapa forte dos russos.
O próprio Gaules ainda criticou o esquema tático dos panteras, dizendo que do jeito que está, as estratégias utilizadas não estão contribuindo em nada. Com ou sem elas, o resultado seria o mesmo.
"Eu fico com a impressão e o sentimento, que esses cinco jogadores da FURIA são tão bons, que se eles não fizerem tática nenhuma e não se conversarem, e entrarem assim num campeonato para jogar, eles conseguiriam exatamente o mesmo resultado…", afirmou o streamer do Omelete.
"Isso aqui não é algo contra o guerri, porque um técnico pode falar de tudo, mas é um assunto que vai além dele... Você está há 4, 5 anos jogando do mesmo jeito e o seu técnico não é a pessoa que está segurando o seu mouse, atirando, decidindo se vai avançar ou recuar, fazendo um clutch, revendo os fundamentos básicos e etc. Se a gente juntar esses caras de qualquer forma, eles fariam o que acabaram de fazer, o que está faltando e não vem é o ‘a mais’. Esses cinco caras juntos, bem treinados, bem disciplinados, jogando um CS legal, são um time para ganhar campeonato", complementou.
YNk, ex-treinador de MIBR e FaZe, e atualmente caster, pesou ainda mais a mão: "Eu já desisti da FURIA há muito tempo. Eles até podem se classificar para o Major e causar um certo dano lá, pois jogarão em casa e estarão super motivados, mas esse time, se não deixar o arT e começarem a jogar um Counter-Strike normal, não serão um time contender jamais".
Como comentado, o próximo grande desafio da FURIA é o RMR das Américas, entre 5 e 9 de outubro, em Estocolmo, na Suécia. Por lá, 16 times lutam por seis vagas no IEM Rio Major 2022 - o primeiro da história do Brasil.
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