CS:GO: Nada de robôs: Astralis mostra carisma em coletiva da BLAST Pro Series

Os campeões mostraram descontração em diversos momentos da entrevista que encerra o evento

Por Breno Deolindo 24.03.2019 16H39

Engana-se quem acredita que a Astralis é um time apenas de "robôs". Líderes absolutos do cenário de Counter-Strike: Global Offensive em 2018, os dinamarqueses não deram sinais de que vão parar em 2019. E, ao contrário do que muita gente pensa, os players não são nada robóticos: a coletiva dos campeões da BLAST Pro Series São Paulo foi recheada de piadinhas e momentos de descontração, mostrando que existe um senso de humor e uma paixão pelo jogo por trás das aparências sisudas.

A equipe certamente está à frente de todos os outros time de CS:GO no mundo, e suas táticas parecem evoluir a cada torneio. Questionado sobre isso, o capitão Lukas "gla1ve" Rossander inicia uma resposta séria: "Honestamente, eu acredito que todo o time ajuda em criar novas táticas, [o técnico] zonic surge com ideias assim como os outros caras aparecem com novas ideias também".

Sem nenhum pudor, Andreas "Xyp9x" Højsleth arranca risos do seu time e dos jornalistas ao interromper com um "É só rushar B", tática conhecida por boa parte da comunidade como a mais básica do Counter-Strike.

Depois da interrupção, gla1ve ainda completa exaltando o colega Emil "Magisk" Reif, enquanto a estrela Nikolai "device" Reedtz também aponta para o colega: "Ele está pesquisando o tempo todo, encontrando novas granadas e me mostrando, perguntando se podemos usá-las. Nós modificamos um pouco aquilo e tiramos uma tática de lá".

Naturalmente, uma das questões que surgiram foi sobre como se manter no topo durante tanto tempo. Em outro momento de descontração, device responde apenas "Segredo", causando risos mais uma vez na plateia. Peter "dupreeh" Rasmussen - um dos mais falantes durante a entrevista, vale ressaltar -, dá uma resposta mais elaborada: "Eu acho que há muito por trás disso, não é apenas uma coisa. Não são nossas chamadas ou a criação de novas táticas, é a maneira com a qual lidamos com o jogo".

"Nós sabemos no que não somos bons. Se sentimos que há uma fraqueza em algum ponto do time, em termos de nossos mapas ou de uma estratégia específica, nós temos vontade de mudar isso, não apenas ignorar essa fraqueza", completa o entry fragger.

Além dos jogadores

Reprodução/BLAST

Os resultados incríveis da Astralis não são fruto apenas dos cinco players e de seu técnico. Na visão dos jogadores, toda a equipe por trás deles possui um grande papel no seu sucesso: "Nós temos muitos caras ao nosso redor [...], temos noss psicólogo esportivo, nosso diretor de esportes, esses são os dois que trabalham muito próximos a nós. Também temos um time por trás chamado RFRSH que cuida de tudos para nós em questões de mídia e relações públicas. Isso nos ajuda bastante, pois podemos focar mais no jogo", conta gla1ve.

Ele ainda menciona mais três profissionais: um especialista em cuidar da parte física dos jogadores, um nutricionista e ainda um massagista, que viaja com o time para certos campeonatos e os ajuda a relaxar.

Quando surge uma pergunta sobre a importância do psicólogo, mais um momento de descontração: Magisk se confunde e inicia a resposta com "Minhas costas estão me matando nesse momento". Ao perceber o erro, mais risadas e uma resposta séria logo em seguida: "Quando eu cheguei a esse time, eu não tinha experimentado coisas assim antes. Acredito que isso me ajuda a crescer muito como pessoa, muda minha atitude, como um colega de time mas também dentro do jogo".

Ele ainda cita uma "falha" no seu comportamento quea aconteceu durante a BLAST Pro Series: na final contra a Team Liquid, ele foi eliminado por um colega de equipe, e sua reação na câmera foi de pura indignação. "No passado eu era muito duro com meus colegas se eles cometessem erros. Hoje vocês me vira fazer isso mas não é algo que acontece normalmente, essa foi a primeira vez em muito tempo e é algo que eu preciso melhorar".

"Acho que eu falo por todo o time quando digo que realmente faz uma grande diferença", ele completa.

A experiência no Brasil

Reprodução/BLAST

Já é uma tradição perguntar para times estrangeiros sobre a vibrante torcida brasileira. A Astralis certamente foi o principal alvo do público, sofrendo com provocações durante o dia todo e, por vezes, respondendo na mesma moeda: "Foi muito louco, os fãs eram muito apaixonados. Nós não experimentamos nada assim antes. Mesmo que eles não estivessem torcendo por nós, nós tentamos tirar uma energia positiva e nos divertir com aquilo, e foi simplesmente incrível. Eu vou voltar com certeza, eu amei", conta dupreeh.

"Eu amo a torcida brasileira porque eles são leais à MIBR e provavelmente nós somos os maiores rivais da MIBR. Eles fizeram o que um fã apaixonado e verdadeiro devia fazer, lutar para deixar o inimigo um pouco nervoso. Foi tudo tranquilo, assim que nós chegávamos perto eles eram muito amigáveis", disse o técnico Danny "zonic" Sørensen.

A Astralis diz que não se compara com outros grandes times para afirmarem se são os melhores da história, entretanto, esse título está cada vez menos discutível. Os dinamarqueses não mostraram nenhum sinal de piorar desde o ano passado, e seguem para a próxima BLAST Pro Series, em Miami, novamente como os grandes favoritos.