CS:GO: Organizadas levam nova cultura de torcer ao Major do Rio

Cultura de arquibancada cria clima “futebolístico” no Riocentro e chama a atenção do mundo

Por Bruno Povoleri 04.11.2022 17H00

Quem já foi a um jogo de futebol sabe a diferença que a presença de uma torcida organizada faz na atmosfera do estádio. No Riocentro, local escolhido para sediar as fases Challengers e Legends do IEM Rio Major 2022 de Counter-Strike: Global Offensive (CS:GO), isso não tem sido diferente. A presença de grupos de torcedores responsáveis por puxar cantos com bateria tem influenciado positivamente o ambiente da torcida brasileira na competição.

No geral, o IEM Rio Major 2022 é o primeiro evento de esports no Brasil a ter um clima similar ao de uma partida de futebol. São bandeiras, camisas e muitos outros artifícios que ultrapassam a barreira dos games e entram no âmbito dos esportes tradicionais. 

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Outros dois fatores importantes colaboraram para que o Riocentro tenha virado Maracanã por alguns dias. O primeiro é a presença de um público notavelmente mais velho e, na maioria das vezes, já familiarizado com o ambiente positivo de jogos de futebol. 

Já o segundo deles parte do apoio de Gaulesparceiro do Omelete e líder da Tribo, que é assumidamente adepto desse jeito “futebolístico” de torcer desde a criação da “La Tribonera”. A cultura transmitida quase que diariamente pelo streamer moldou a torcida brasileira de CS:GO.

Foto: Reprodução/Adela Sznajder

“O Brasil é isso”. Assim define LKz, líder da bateria e membro da Torcida Organizada da Imperial. Ele já teve ligação com organizadas de futebol no passado e usa essa experiência para ajudar a transformar a atmosfera do Major no Rio. “Eu já convivi com isso de torcida organizada de futebol. A gente tentou ao máximo para deixar, com todo respeito, os gringos aqui em maus bocados”, disse.

Yuri, parte da Torcida da Tribo, também tem relação com torcidas organizadas do futebol. Só que desta vez há uma diferença: o apoio é voltado para jogadores de uma nação e não só de uma única equipe. “Desde criança sempre fui apaixonado por torcida organizada e sempre fui presente na do meu time. Hoje a nossa torcida não é só para um time, né. É para todos os times brasileiros e pela comunidade da Tribo”, explicou.

A sintonia entre as arquibancadas do Riocentro é algo bonito de se ver. No entanto, engana-se quem acha que foi tudo planejado de antemão. "Não esperávamos que a galera ia se unir e cantar junto. Estamos vivendo uma coisa aqui que nunca imaginei: estar trazendo com a gente uma arena toda. Isso é muito bom e f***", desabafou LKz.

Foto: Reprodução/Adela Sznajder

Talvez o único perigo da presença de torcidas organizadas seja a possibilidade da violência, que historicamente as acompanha no futebol, também chegar aos esports. Para Xarpi, um dos idealizadores do Manicômio da FURIA, é diferente: o Brasil ama Counter-Strike antes de amar as organizadas.

"Por mais que a gente tenha essa rivalidade, ficou muito claro que, independentemente do time que a gente torce, todo mundo é unido por um propósito só - que é apoiar o Brasil e mostrar que o Brasil é o país do Counter-Strike. Estamos reunidos todos em prol de uma torcida só. A gente luta todos os dias porque para gente sempre vai ser mais difícil, mas a garra nunca vai faltar", concluiu.


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