CSGO: Academy ou comprar jogador? Nak explica como MIBR decide

Veterano cravou que a intenção do MIBR não é viver de venda de jogadores e nem do passado, mas sim buscar títulos e o topo

Por Jairo Junior 16.02.2023 18H00

Insani tem se mostrado uma agradável surpresa no MIBR de Counter-Strike: Global Offensive (CS:GO). Não só pelas boas atuações com a pouca idade, mas também por ser cria da casa. Após este pequeno início de sucesso, o The Enemy conversou com Nak, para entender como funciona o processo de renovar a line-up do time, entre compra de jogador e promoção da base.

Sobre a jovem promessa, Nak admitiu que não sabia exatamente o que esperar desses primeiros passos e disse que era "uma incógnita". Afinal, são muitas coisas envolvidas ao mesmo tempo. Por isso, se mostrou tão animado quanto os torcedores ao ver que deu tudo certo.

"Eu não lembro de ter visto, em algum outro momento, um menino chegar desempenhando como o insani fez. Estávamos até discutindo isso hoje aqui, a gente não sabe muito bem quais são as equipes que tem academy e estão subindo jogadores para o principal. Eu nem sei se tem, então faltam exemplos para mim. Mas foi uma surpresa muito agradável ver ele jogando daquele jeito. Dá até um gás a mais para continuarmos com o projeto do academy, porque realmente está rendendo frutos", disse nak.

"Ao mesmo tempo, Nesse momento nós também precisamos manter a cabeça no lugar e trabalhar para fazê-lo evoluir. Com certeza ainda tem espaço para ele evoluir!", completou mantendo os pés no chão.

Foto: ESL/Reprodução

Tomar esta importante decisão, se o Made in Brazil vai ao mercado procurar um medalhão ou então contará com um jovem jogador das categorias de base, não é simples. Nak revela que, para isso, é convocado um conselho dentro da organização, que conversa e reflete sobre o que é melhor para cada momento e ocasião.

"A comissão é constituída por mim, fly, nandin, bit, a Roberta [CEO do MIBR], a Carla [Diretora de Operações]... Então tem bastante gente que senta junta para conversar e decidir quais serão os próximos passos. Se vamos subir alguém do academy ou se temos uma boa oportunidade no mercado - pois estamos sempre de olho nesses nomes. A escolha final sempre depende da situação, não é uma receita de bolo que a gente sempre prioriza uma coisa e depois a outra. O que a gente não pode é ser um time que só vai ter garoto de 16, 17 anos e ficar naquele mais ou menos pensando só na venda dessa garotada... A busca no MIBR é ser uma equipe de topo e estamos dispostos a investir, o que for, para ter o melhor time possível."

Falando especificamente sobre o caso do Insani, nak contou o que aconteceu por trás da decisão tomada: "Dessa vez fomos atrás do Lucaozy porque consideramos que era um bom momento para trazer um nome forte, mas acabou que não deu certo. Ao mesmo tempo, a próxima opção sempre foi o Insani. Inclusive, essa foi uma dúvida gigante da nossa comissão, que bateu bastante a cabeça para tomar essa decisão entre Lucaozy e Insani. Como o Lucaozy não deu certo, ficou claro que tinha que ser o Insani".

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Outra parte importante dessas mudanças de line-up são os jogadores que deixam o time. Especialmente os que o fazem por vontade própria e não por uma decisão estratégica da comissão. Para Nak, é mais difícil segurar essas peças por conta de um fator determinante que há dentro do Brasil.

"O Chelo e o Jota são jogadores excepcionais. Mas tem uma coisa muito difícil hoje em dia, aqui no Brasil, que se chama FalleN”, afirmou sorrindo. “Todos tem o sonho de jogar com ele, porque ele é realmente incrível, e juntando isso ao fato dele estar no fim da carreira, aumenta tudo isso. O Chelo, por exemplo, queria muito ir. E aí imagina se a gente segura o jogador por um ano e logo depois o FalleN se aposenta e nós privamos o Chelo desse sonho, não seria legal. No final das contas, é claro que queríamos o Chelo na equipe, mas nós também precisamos ver o lado dele, pois queremos ver todo mundo feliz", seguiu. 

"Fora o fato que, ao segurarmos um player, pode ser que o desempenho dele caia. E se de um lado tem o FalleN, do outro tem o MIBR, e nós queremos que quem esteja aqui, realmente queira muito estar e tenha um carinho pela organização. Nós basicamente colocamos tudo isso na balança e decidimos, e é aí que entra o lance do Academy. Nós temos sofrido muito com essas mudanças e o que queremos é criar raízes aqui. Contar com jogadores que nasceram e cresceram aqui e nutrem um carinho especial pelo MIBR. É o caso do Insani e do Brn. Esse é um lado que queremos continuar trabalhando, pois consideramos um caminho interessante de seguir", concluiu.

Assim que o MIBR vive todos esses processos e confirma a nova escalação que seguirá o ano, começa-se um novo ciclo de planejamento interno. O projeto é sim, a longo prazo, mas a comissão do MIBR prefere planejar tudo minuciosamente no presente.

"Nós vivemos isso há tanto tempo, então aprendi que não adianta querermos construir uma escada de mundo perfeito, em que agora agora classificamos pro Major, no próximo é playoff e depois campeão. Não é assim que funciona. Por exemplo, a própria entrada do Insani trouxe uma dúvida e, de repente, estamos melhor do que antes, vencendo no NA com mais propriedade do que antes. Para essa questão de planejamento, estamos pensando mais no agora, no que vamos fazer para amanhã sermos melhores e como vamos aproveitar da melhor maneira possível toda essa estrutura. É melhor assim do que traçar um passo a passo e talvez ter uma decepção. Pode ser que a gente não chegue no Major, mas se sabemos que estamos trabalhando da maneira correta, temos que acreditar no processo, pois o resultado uma hora pode vir. Esse é o nosso principal foco, trabalhar e ver se tem algo atrapalhando isso, enquanto o resultado é uma consequência do que foi feito. Até porque, no trabalho nós temos controle, nos resultados nem tanto", explicou Nak.

Nomes como o próprio Nak e bit são bons exemplos de jogadores que ficaram um bom tempo na organização, criaram uma identificação interna e externa com a torcida e se tornaram ídolos. Nak quer construir novos ídolos do Made in Brazil e, para isso, enxerga apenas um caminho.

"Não tem jeito, para ter uma grande identificação com a organização e a torcida, é título. Tem que ganhar. O MIBR não pode e não quer viver somente de história. O que estamos tentando aqui é oferecer a melhor estrutura possível aos atletas para que eles possam evoluir e chegar lá. Desde o academy, todos tem uma grande estrutura, psicólogo, centro de treinamento, enfim, tudo que precisam para trabalhar e crescer. Fora a minha participação e de outras pessoas, que estão ali do lado o tempo todo apoiando. Queremos que eles evoluam a ponto de chegarem em um mundial e vencê-lo, para assim se tornarem um marco no MIBR. Esse é o caminho."

A respeito dos novos passos deste novo MIBR, Nak ainda vê como muito nebulosa toda essa coisa de 'regiões' no CS:GO. Quando perguntado sobre qual melhor lugar para se estar, ele brincou: "Vou ser bem sincero, nem a gente sabe", cravou enquanto dava risadas.

Nak contou que a decisão de permanecer no NA foi tomada no último momento possível estipulado pelas organizadoras, em uma reunião, porque até então a dúvida permanecia entre jogadores e comissão. No final das contas, foi definido que o NA parecia uma terra de maiores oportunidades no momento e ficaram por lá. Mas, a ideia é quem sabe um dia, ficar de vez no país que a organização carrega o nome.

"Eu ainda não vejo esse mundo ideal acontecendo [de todos os times brasileiros permaneceram no Brasil], mas é o que todo mundo quer. E em muito tempo, pela primeira vez, creio que realmente estamos mais perto. E se isso acontecer, será muito bom para o nosso cenário, pois temos vários times bons, mas ainda não tão bons a nível dos melhores do mundo, o que me lembra no 1.6, em que sempre jogávamos aqui o qualify para disputar os mundiais. Essa coisa toda fortaleceu bastante a cena nacional, criou rivalidades legais, e creio que assim a gente chegava lá fora um pouco melhor. Pode até ser que, todo mundo vindo para o Brasil, seja o que precisamos para alcançar o topo mais uma vez", opinou.

No NA, o MIBR tem um longo caminho pela frente neste ano. Nessas semanas que virão, o time disputa duas classificatórias importantíssimas para este primeiro semestre: o RMR rumo ao Major de Paris e também o qualify da IEM Rio 2023. O time está bem em ambos, mas ainda falta uma boa caminhada para assegurar as vagas.


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