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Arte de Cyberpunk 2077 é criticada por transfobia; CD Projekt responde

Desenvolvedores prometem opções de gênero diversas para protagonista

Por Victor Ferreira 14.06.2019 18H24

Após a apresentação de Cyberpunk 2077 na E3 2019, uma imagem de divulgação do jogo foi fonte de controvérsia, por supostamente utilizar uma mulher transgênero como fonte de piada em uma arte comercial.

A foto, voltada para demonstrar a tecnologia de ray tracing do game, mostra a propaganda de uma bebida chamada ChroManticore, com o slogan "Mix it Up!" (ou "Misture as Coisas!", em tradução livre) com a mulher vestindo um maiô e o contorno de um pênis visível.

Divulgação/CD Projekt RED
Divulgação/CD Projekt RED

A imagem gerou críticas por membros e apoiadores da comunidade LGBT, argumentando que ela reforça estereótipos de mulheres trans como figuras exóticas e fetichizadas. A CD Projekt também não um histórico particularmente positivo neste sentido, já tendo se envolvido em controvérsias por piadas transfóbicas nas redes sociais (via Kotaku).

Em resposta, a diretora de arte do jogo, Kasia Redesiuk, disse em entrevista ao site Polygon que a imagem não tinha intenção de refletir uma mensagem transfóbica em si, e sim a comercialização dela como objeto sexualizado para vender produtos, como é caso com mulheres cisgênero na sociedade moderna.

"Pessoalmente, para mim, esta pessoa é sexy", disse. "Eu gosto do visual desta pessoa. Porém, esta modelo é usada - seu corpo maravilhoso é usado - por razões corporativas. Eles são mostrados como se fossem coisas, e esta é a parte terrível disso."

"Cyberpunk 2077 é um futuro distópico onde megacorporações ditam tudo", continuou a artista. "Elas tentam, e conseguem, influenciar a vida das pessoas. Elas enfiam seus produtos goela abaixo. Elas criam propagandas agressivas que usam, e abusam, de muitas das necessidades e instintos das pessoas. Por isso, hiperssexualização está aparente em todos os lugares, e nos nossos comerciais há muitos exemplos de mulheres hiperssexualizadas, homens hiperssexualizados, e pessoas entre estes gêneros hiperssexualizadas."

"Isso tudo é para mostrar [como no mundo moderno], hiperssexualização em propagandas é simplesmente terrível", declarou. "Foi uma escolha consciente de nossa parte mostrar isso neste mundo - um mundo onde você é um cyberpunk, uma pessoa lutando contra corporações. É contra [esta propaganda] que você está lutando."

Customização de gênero

Em paralelo, o diretor de quests Mateusz Tomaszkiewicz declarou ao site Gamasutra que o estúdio trabalha para que a customização do protagonista do jogo, V, possa ser compatível com uma diversidade de gêneros diferentes.

"É um assunto muito sensível e importante, acredito. Nós pensamos muito sobre isso", declarou. "Uma das coisas que queremos no jogo final [...] é dar aos jogadores o máximo de opções de customização possíveis no começo do jogo."

"Por exemplo, queremos fazer algo em que, ao criar seu personagem, depois de escolher seu biotipo, você pode, por exemplo, usar traços físicos enquanto constrói seu rosto que poderiam ser assumidos para um homem ou mulher."

"Ou não-binário", continuou após uma pergunta sobre o assunto. "A ideia é misturar tudo isso, dar isso aos jogadores ,como ele gostariam de fazê-lo."

Tomaszkiewicz também disse que algo similar está sendo feito com as vozes do protagonista, mas que ainda é um trabalho em progresso por "não ser tão fácil quanto soa".

"Em temos de como representaremos os personagem na ambientação em si, é claro, sim, estamos prestando bastante atenção nisso", disse. "Não queremos que ninguém sinta que os estamos negligenciando, ou os tratando de forma errada."

Cyberpunk 2077 sai em 16 de abril para PC, PS4 e Xbox One.