Brasil Game Show 2014 é marcada por divisão entre games e youtubers
Confira um resumo do que rolou na maior feira de games do país
A edição 2014 da Brasil Game Show comprovou o crescimento do mercado de jogos no país. Com a expansão física do evento, a quantidade de pessoas dentro do Expo Center Norte quase duplicou em relação ao ano passado. Esse aumento de tamanho, porém, em muitos momentos não comportou o público que estava ali para ver os youtubers, o principal conteúdo da feira. Apesar de trazer jogos importantes como Bloodborne, Assassin's Creed Unity e Mortal Kombat X, era notória a preferência dos fãs pelos produtores de conteúdo do YouTube.
Nos primeiros dias, a desorganização em relação aos fãs/youtubers era tamanha, que não parecia se tratar da maior feira de games da América Latina. A entrada da sala de imprensa web, localizada ao lado da saída geral, era como uma porta de hotel que recebia astros - e de fato era. Independente do merecimento de tamanha idolatria, eles são responsáveis por boa parte do público presente e do fascínio de muitos por games. É evidente a necessidade de um espaço (ou evento) feito especificamente para esse tipo de atividade. Não ter se preparado para esse tipo de assédio causou não só frustração em boa parte das crianças que estavam lá, mas também a revolta de muitos pais acompanhantes.
A outra parte de conteúdo da BGS eram os games, que também sofreram nessa edição. A ausência de empresas como Riot (League of Legends), Nintendo e Blizzard era sentida de imediato. Além de serem donas de jogos de primeira grandeza, o espaço antes ocupado por elas não rendeu o mesmo tipo de material - a não ser no caso de LOL, que foi substituído por um campeonato de DotA 2. No pavilhão principal, por exemplo, era possível notar vários espaços vazios e alguns estandes sem relação alguma com games. A falta dessas empresas, por outro lado, rendeu ao local corredores mais largos, o que possibilitava andar pelo Expo Center Norte sem o tumulto que marcou a edição de 2013.
Ed Boon, Mortal Kombat, Assassin's Creed e mais
As desenvolvedoras presentes na Brasil Game Show levaram boa parte de seus maiores títulos. No caso da Warner Games, um dos estandes mais disputados, era possível jogar Battlefield Hardline, FIFA 15, Shadow of Mordor e Mortal Kombat X, o mais concorrido. Esse último jogo ainda contou com a presença de Ed Boon, criador da franquia, que distribuiu autógrafos e conversou com os fãs. A Ubisoft trouxe os dois novos Assassin's Creed, The Crew, Far Cry 4 (além de vários youtubers) e a Activision expôs Call of Duty: Advanced Warfare e Destiny. Como é comum em qualquer feira desse tamanho, era preciso algumas passar algumas horas na fila para testar os títulos.
Sony e Microsoft repetiram a estrutura de 2013 e espalharam boa parte de seus novos lançamentos em estandes que ficavam grudados. Na parte do Xbox, entre os exclusivos, as novidades ficaram por conta de Sunset Overdrive, Forza Horizon 2 e Halo: The Master Chief Collection. No caso do PlayStation, dava pra jogar Bloodborne, Until Dawn e The Order: 1886. As filas eram enormes nos dois lugares e não havia quantidade de máquinas suficiente para suportar quantidade de pessoas - e apesar da semelhança entre a lotação dos dois lugares, a disputa pelo DualShock era maior.
Outros expositores não ganharam tanta atenção do público, mas tinham material interessante. A CD Projekt Red é um caso: os poloneses mostraram seu novo MOBA, baseado em The Witcher. O mesmo aconteceu com o museu do videogame, que reunia peças antigas e vários fliperamas com jogos como King of Fighters e Metal Slug. Entre as desenvolvedoras a maior decepção ficou por conta da Konami, que tinha algumas máquinas de PES 2015 e apenas um cartaz e um vídeo (em baixa qualidade) de Metal Gear Solid V: The Phantom Pain.
Estrutura e o futuro
É difícil dizer que a BGS melhorou em relação ao ano passado. A impressão ao entrar no Expo Center Norte era de muito espaço e pouco conteúdo. As filas são normais, talvez o problema fosse a falta de opção. Os jogos expostos eram importantes, já que boa parte deles ainda não está nas lojas. No mais, os corredores estavam largos, o ar-condicionado funcionou melhor e a praça de alimentação estava do tamanho necessário (apesar do preço alto). E mesmo que tenha ocupado quase todo o centro de exposição, quando algum youtuber decidia andar pelos estandes, era impossível transitar.
Fatos como esse só atestam a força e importância dessa categoria. Admitir que eles trazem público e merecem um espaço especial melhoraria a experiência do público - tanto de quem quer jogar, quanto de quem está lá por uma foto ou autógrafo. Já se vão alguns anos desde que a Brasil Game Show ocupa o Expo Center, e os organizadores ainda não conseguiram compreender essa mescla de conteúdos. A maioria das pessoas está lá para encontrar seus ídolos. Em segundo plano estão os games, as novidades relacionadas à indústria. Enquanto isso não for devidamente admitido, é possível que a feira e seus visitantes sofram com filas, lotação e problemas que não deixam a BGS se tornar um evento de primeira grandeza.
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